Autoridades espanholas não conseguem erradicar o jacinto-de-água do rio Guadiana

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A proliferação do jacinto-de-água é uma ameaça para o Guadiana Pedro Cunha

Desde 2004, já se investiram milhões para retirar cerca de 300 mil toneladas da infestante, mas a sua proliferação persiste.

Desde o final do passado mês de Outubro que a Confederação Hidrográfica do Guadiana (CHG) mantém no troço médio do rio ibérico próximo de Mérida várias equipas de trabalhadores, cerca de 20 pessoas, duas máquinas retroescavadoras, camiões de grande tonelagem e três embarcações, que retiram, diariamente, em média, cerca de 750 quilos de jacinto-de-água (Eichhornia crassipes). A luta tem oito anos, mas o problema continua sem ter fim.

Desde 2004 que a CHG executa todos os anos este tipo de operação sem que até agora fosse possível erradicar esta planta aquática (originária da bacia do Amazonas) que prolifera com maior intensidade quando a temperatura ambiente (acima dos 25 graus) se associa a uma forte luminosidade solar, como tem acontecido nas últimas semanas.

Acresce ainda que a direcção do vento e a ausência de corrente no rio por força do escasso caudal que apresenta faz com que o Guadiana apresente um cenário de águas paradas com temperaturas na casa dos 17 graus centígrados e um Ph (índice que indica a acidez, neutralidade ou alcalinidade) muito favorável, factores que contribuem para a acelerada reprodução do jacinto-de-água.

Trazida do Amazonas para ser utilizada como planta ornamental em tanques e aquários para peixes, a sua proliferação acabou por se estender ao rio Guadiana, onde encontrou o habitat adequado, admite a CHG.

Este organismo, que é responsável pela gestão do rio Guadiana em território espanhol, acrescenta que a planta está incluída numa lista de cem espécies exóticas invasoras e é das "mais daninhas do mundo". Na Europa só está localizada em Itália, Portugal (onde é abundante no centro do país) e em Espanha, na bacia do Guadiana. Neste momento apresenta uma mancha com vários quilómetros de extensão no troço do rio a cerca de 60 quilómetros a montante da albufeira de Alqueva.

Ao longo dos últimos oito anos já foram extraídas mais de 293 toneladas da planta invasora que obrigou ao dispêndio de uma verba superior a 23 milhões de euros, sem que tivesse sido reduzida a sua proliferação.

A CHG alega que a sua extracção, aliada à colocação de barreiras no rio, impediu que o jacinto-de-água "tivesse chegado às zonas de regadio" tanto na Extremadura como nos sistemas de rega alimentados a partir de Alqueva. O que originaria "perdas de centenas de milhões de euros".

Contudo, a ameaça subsiste e obriga ao reforço das barreiras que a CHG colocou no rio Guadiana para impedir que a planta seja levada pela corrente do rio. Já foram detectadas situações em que a pressão desta invasora acabou por danificar as redes que sustêm o seu avanço.

Em paralelo com os trabalhos de extracção, a CHG em colaboração com a Universidade da Extremadura está a realizar estudos "sobre a biologia e resistência da espécie" para erradicar do Guadiana uma ameaça que pode chegar a Alqueva.

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