Autarcas algarvios divididos nas críticas à saúde

Os cortes já se fazem sentir no fornecimento de medicamentos e seringas aos hospitais de Faro, Portimão e Lagos.

Os autarcas algarvios estão divididos quanto à forma de manifestar ao Governo o seu descontentamento pela “degradação dos cuidados de saúde” – situação denunciada num abaixo-assinado subscrito por 183 dos 220 médicos especialistas dos hospitais de Faro, Portimão e Lagos.

Os cortes orçamentais e a forma como o Centro Hospitalar do Algarve (CHA) está a ser gerido, queixam-se os clínicos, levam a que as restrições já tenham graves consequências: “falta de medicamentos e de material de uso corrente – seringas, agulhas e luvas”.

Os 16 presidentes de câmara da região gastaram nesta segunda-feira uma hora e meia a debater o tema da saúde, na reunião da Comunidade Intermunicipal do Algarve – Amal, tendo apenas concluído que é “grave, muito grave”, o que se passa na região.

Em causa estava o apoio, ou não, ao comunicado dos médicos e às denúncias dos utentes sobre o deficiente funcionamento dos serviços de saúde, mas não houve consenso para uma tomada de posição conjunta. Os autarcas do PSD recusaram alinhar nas críticas, alegando  a necessidade de ouvir, previamente, o presidente do CHA, Pedro Nunes, e também os médicos.

Na carta divulgada no final da semana passada, os clínicos acusam Pedro Nunes (ex-bastonário da Ordem dos Médicos) de fazer “ameaças” e “chantagens” aos médicos que têm contestado a sua gestão. “Será preciso morrerem pessoas em catadupa, para tomarmos uma posição?”, perguntou a presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes (PS), manifestando-se indignada com o que se passa no Hospital do Barlavento (Portimão).

A presidente da Câmara de Lagos, Joaquina Matos (também do PS), por seu lado, afirmou  ter recebido de Pedro Nunes a garantia de que não vai encerrar unidades de saúde do concelho. Mas o que é certo, disse, é que, “nos últimos dias, as coisas têm-se deteriorado de uma maneira muito rápida”.

Na passada sexta-feira, criticou, “não havia médicos no Hospital de Lagos e faltam medicamentos e higiene neste espaço antigo e degradado”. Por outro lado, o presidente da Câmara de Albufeira, Silva e Sousa, do PSD, manifestou-se preocupado com as “repercussões negativas” no turismo, causadas pelas notícias sobre o Serviço Nacional de Saúde. Joaquina Matos respondeu: “Não se pode esconder o sol com uma peneira”.
 

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