Associação do Douro com projecto-piloto para promover patrimónios mundiais

Regiões europeias com património vinhateiro vão trabalhar em conjunto no projecto World Generation.

Foto
Douro e outras regiões vinhateiras do mundo vão fazer promoção conjunta Carla Carvalho Tomás

A associação Douro Generation anunciou esta segunda-feira, em Vila Real, a implementação de um projecto-piloto que tem como missão revolucionar, preservar, valorizar e promover os sítios classificados pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade. O projecto World Generation pretende criar uma rede de cooperação entre regiões Património Mundial que se espalham pelo mundo, através de um conjunto de actividades e eventos realizados em parceria.

"A associação nasce de uma reflexão sobre o Douro e sobre como é que o Alto Douro vinhateiro classificado pela UNESCO pode potenciar o desenvolvimento", afirmou, em conferência de imprensa, o presidente da recém-criada associação, António Martinho.

O projecto será replicado noutras regiões europeias que tenham na sua matriz identitária uma componente vinhateira ou integrem bacias hidrográficas, em países como Áustria, Espanha, França, Hungria, Itália e Suíça. No resto do mundo, o World Generation incidirá em patrimónios que se relacionem com a cultura portuguesa, nomeadamente no Brasil, Cabo Verde, China, Filipinas, Índia e Moçambique.

O objectivo é, segundo explicou o responsável, promover o intercâmbio tecnológico, científico, educacional, cultural e ambiental, favorecer a partilha de boas práticas, proporcionar o encontro entre os países e fomentar o trabalho em rede, valorizar os recursos endógenos e dinamizar actividades económicas e sociais.

Numa primeira fase, o Douro, Património Mundial desde 2001, será palco de um conjunto de acções que fomentem a preservação, a valorização e a promoção da riqueza histórica, cultural, ambiental e socioeconómica. Já no sábado, dia 28 de Março, arranca o ciclo de encontros de reflexão sobre o Douro, que decorrerá no Morgadio da Calçada, em Sabrosa, uma iniciativa que é organizada em parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Até ao dia 25 de Abril, realizar-se-ão quatro encontros subordinados aos temas O Douro em Mudança; Patrimónios e Recursos Durienses; O Douro e o Turismo; e Políticas e Instituições do Douro. Esta iniciativa é uma reedição dos Encontros da Casa da Calçada e, 15 anos depois, pretende-se fazer um balanço das mudanças sentidas nesta região, diagnosticar a realidade e debater os desafios que o território enfrenta.

O vice-reitor para o Planeamento, Estratégia e Organização da UTAD, Artur Cristóvão, salientou que, nestes anos, o "Douro evoluiu bastante" a nível da diversificação da sua economia, com destaque para o turismo, da organização institucional, a nível cultural com a construção do Museu do Douro, ou a nível da vitivinicultura. "Esta região tem hoje uma projecção muito maior, não só pela classificação como património da UNESCO mas também pela projecção que os seus vinhos têm tido", afirmou.

Mas, na sua opinião, há também "pontos negros", nomeadamente a nível das dificuldades e incertezas vividas no sector dos vinhos, a perda de representação institucional da produção com o fim da Casa do Douro e o despovoamento do território. "Isso é problemático, desde logo porque a actividade vitivinícola tem exigências de mão-de-obra. Depois o Douro continua a ter também bolsas de pobreza e famílias que vivem com dificuldade", sublinhou.

Sugerir correcção
Comentar