Assembleia polémica de artistas de Viseu adia revitalização do Auditório Mirita Casimiro

Grupo de associações que quer dinamizar a sala era candidata aos órgãos sociais do Centro Cultural Distrital de Viseu, que gere o auditório. Mas as eleições foram adiadas.

Foto
A sala tem estado fechada a maior parte do ano Nuno Alexandre Mendes

Há muito tempo que o auditório Mirita Casimiro não recebia tanta gente como a que este sábado compareceu na assembleia geral do Centro Cultural Distrital de Viseu (CCDV).

Um grupo de 11 associações que quer dinamizar o auditório pretendia disputar a eleição de novos órgãos sociais da instituição, mas o acto eleitoral acabou por ser suspenso, numa assembleia geral marcada pela polémica, com associados a trocarem acusações de “ilegalidades”. A sufrágio foi apenas admitida a lista liderada pela actual direcção, com o grupo das 11 associações a contestar a exclusão da sua lista e a forma como foi convocada a assembleia geral.

Na semana passada, as 11 associações apresentaram publicamente a candidatura aos órgãos sociais do CCDV e o plano de actividades que se propunham desenvolver. A revitalização do auditório Mirita Casimiro, que nos últimos anos tem estado, praticamente, de portas fechadas, era uma delas. Mas na véspera da assembleia foram informados de que a sua lista não cumpria os requisitos.

O presidente da mesa da assembleia geral, António Seabra, explicou ontem que a lista foi rejeitada porque não tinha sido subscrita pela direcção nem por um terço dos associados, como prevêem os estatutos do CCDV. Este foi o ponto que provocou celeuma, com os subscritores da lista excluída a acusarem a actual direcção de não fornecer, em tempo útil, os dados pedidos sobre os associados. Alegaram ainda que não foram enviadas convocatórias a todos os associados, pelo que a assembleia decorria em “ilegalidade”.

Para o actor José Rui, da Acert (associação de Tondela subscritora da segunda lista), a atitude dos actuais órgãos sociais do CCDV revelam uma vontade de “transformar em guerra, um processo que deveria ser pacífico”. Alguns dos associados, durante a discussão que se instalou, chegaram a afirmar que se estava a assistir a um “acto de censura”; enquanto outros defendiam que os estatutos deveriam ser cumpridos.

Perante o impasse,  Miguel Torres, representante do grupo de teatro Os Cestos, de Nandufe (Tondela), propôs a anulação do acto eleitoral e a marcação de um novo e que a direcção do CCDV se comprometesse a subscrever qualquer lista que quisesse concorrer aos órgãos sociais. A proposta acabou por ser aprovada com 23 votos a favor, incluindo de elementos que estavam na lista da direcção, oito contra e duas abstenções.

Após a votação, em declarações aos jornalistas, o presidente do CCDV, Luís Filipe, comprometeu-se a acatar esta decisão. Desdramatizou a polémica e preferiu destacar o facto de as associações terem dado “um sinal de que estão vivas": "Isto não estava tão apagado como andavam a dizer”, concluiu.

O CCDV reúne cerca de 200 associações de todo o distrito de Viseu. É responsável pela gestão e manutenção do auditório Mirita Casimiro, no centro de Viseu, que durante duas décadas foi um dos locais de referência cultural. Nos últimos anos, a sala acolheu apenas eventos pontuais e chegou a ser objecto de interesse de aquisição por parte de uma igreja. O facto de estar a maior parte do tempo fechada levou as 11 associações a apresentarem um plano de “recuperação”.

“A ideia é manter a autonomia das associações, mas dinamizar um espaço que reflicta toda a produção cultural do distrito. Tal como está, o auditório representa um desperdício enorme para o dinamismo cultural da cidade”, frisou Rodrigo Francisco, do Cine Clube de Viseu.

A sala tem o nome da artista Mirita Casimiro que nasceu em 1914 em Viseu e morreu em 1968 em Cascais, onde integrou a companhia Teatro Experimental de Cascais e deu também o nome ao teatro municipal deste concelho.

 
 

Sugerir correcção
Comentar