Assaltantes incendiaram armazéns de Serzedo para apagarem vestígios

Incêndio de domingo levou o autarca de Gaia a convocar o conselho municipal de segurança.

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O fogo teve início num armazém que estava vazio Ricardo Castelo/NFACTOS

As últimas perícias realizadas pela Polícia Judiciária (PJ) do Porto já permitiram confirmar, sem qualquer dúvida, que o incêndio de domingo que destruiu os armazéns em Serzedo, Vila Nova de Gaia, teve origem criminosa. O fogo terá resultado de um assalto seguido de vandalismo, acredita a PJ.

Os assaltantes entraram por um vidro que partiram nas traseiras de um dos pavilhões e levaram cilindros, torneiras e os chuveiros das casas de banho. Para além disso, a PJ acredita que os suspeitos — que encontraram afinal o armazém vazio, o que terá defraudado as suas expectativas — incendiaram uma carrinha funerária lá estacionada, na opinião de fonte da PJ, com o intuito de apagar eventuais vestígios que permitissem a sua identificação. Isto porque antes os suspeitos teriam vistoriado a viatura em busca de qualquer tipo de peça de valor.

Ao que o PÚBLICO apurou, apesar das primeiras equipas de bombeiros terem chegado pelas 19h, pouco depois do alerta, o fogo já lavrava, afinal, desde as 16h. Esta terá sido a hora em que ocorreu o assalto estabelecida pelos inspectores. É que até às 19h o fogo foi ardendo lentamente num único armazém que foi ficando completamente cheio de fumo, uma vez que ardia num complexo fechado sem entrada de ar.

“Os primeiro bombeiros chegaram, estroncaram o portão de ferro e apagaram o fogo em três minutos. Claro que nessa altura entrou oxigénio no armazém que antes estava com muito fumo, mas aquele portão era o único acesso para combater as chamas. Os Bombeiros da Aguda chegaram a dar, logo nessa altura, o fogo por extinto. Mas, de repente, perceberam que ele se havia alastrado aos armazéns do lado”, disse ao PÚBLICO o comandante da Companhia de Sapadores Bombeiros de Gaia, Salvador Almeida.

O responsável corroborou ainda a tese de que o incêndio estaria activo desde as 16h. “Nas conversas que fomos tendo com a PJ ficou já claro que as chamas estariam a lavrar afinal desde as 16h. Ou seja, o fogo já lá estava há três horas quando lá chegamos. Só que ardia muito pouco por não ter oxigénio. Por estar tudo fechado”, acrescentou Salvador Almeida.

Para a PJ, este incêndio aconteceu dentro de um modo de actuação semelhante ao que destruiu a Conforama em Gaia e teve também origem criminosa. Porém, não existe qualquer relação com os seus autores, que estão já em prisão preventiva.

A repetição do fenómeno preocupa o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, que já adiantou ter convocado o conselho municipal de segurança para abordar soluções em Abril.

Igual preocupação admite Salvador Almeida. “Isto está realmente a preocupar-nos. Estamos a falar de um concelho muito grande com muitas fábricas e armazéns. Espero que não seja um fenómeno que continue a acontecer. Felizmente, até agora, não se verificaram vítimas, mas já temos prejuízos avultados”, lamentou o comandante.

 

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