Arouca tem um festival de cinema que resiste no interior do país

Orçamento do evento não ultrapassa os cinco mil euros e não suporta encargos com viagens dos realizadores ou actores estrangeiros.

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Fernando Veludo/nfactos

A 12.ª edição do Arouca Film Festival arranca esta sexta-feira à noite com um programa de três dias e 31 filmes em competição nas categorias de animação, ficção, documentário, videoclip e experimental. As obras, algumas estreias mundiais, chegam de vários países - nomeadamente de Portugal, Inglaterra, Espanha, Brasil, Irão, Estados Unidos e Bélgica – e até domingo são projectadas no auditório da Loja de Turismo de Arouca à conquista de um dos 12 prémios. O melhor filme levará para casa a Lousa de Ouro, ou seja, um troféu que simboliza a rocha característica da região.

Neste festival, não há prémios monetários para atribuir a quem se destaca no grande ecrã, mas, mesmo assim, o número de realizadores que querem participar tem vindo a aumentar. Este ano, o Cineclube de Arouca, que organiza a iniciativa, recebeu mais de 200 filmes para seleccionar pouco mais de 30. “Já somos abordados por produtoras bastante conceituadas”, revela João Rita, director do Cineclube de Arouca.

O orçamento é baixo e a iniciativa tem-se mantido de pé na programação cultural da vila. “Tem resistido e está de excelente saúde. Estamos a fazer coisas novas, o que revitaliza o festival”. Evento que não ultrapassa os cinco mil euros e que não suporta encargos com viagens dos realizadores ou actores estrangeiros. “Arrisco a dizer que será o festival mais barato do país e com uma qualidade bastante interessante”, sublinha João Rita. O apoio financeiro chega do Instituto Português do Desporto e Juventude, da Câmara de Arouca e de alguns comerciantes da região. “É a prova de que no norte e no interior do país é possível realizar iniciativas de qualidade sem se gastar muito dinheiro e proporcionar às populações momentos que só seriam possível nas grandes cidades”.

Pelo segundo ano, o festival senta à mesma mesa realizadores e actores num jantar preparado propositadamente para esse encontro. A fórmula tem resultado. “É uma aposta ganha, uma oportunidade de trocar experiências e um momento de proximidade entre realizadores e actores”. A refeição acontece este sábado pelas 18h30, apenas com realizadores e actores portugueses, antes da segunda sessão competitiva.

João Rita está satisfeito com o que vê à sua volta, apesar de não haver nomes sonantes no programa, e por o festival não se ter desviado do seu objectivo de divulgar os trabalhos produzidos pelos jovens realizadores, premiando a criatividade e a inovação, e de colocar o nome de Arouca no mapa da cinematografia nacional e internacional. E além da competição, o cineclube não abre mão da componente pedagógica. No sábado, o realizador Luís Campos, autor de Um Funeral à Chuva, coordena um workshop de realização a partir das 9h00. A oficina de abordagem às várias fases de produção de uma curta-metragem começa na Serra da Freita, local onde os participantes podem captar imagens para um trabalho colectivo. À tarde, no centro da vila, o workshop centra-se nas questões teóricas relacionadas com a edição e montagem de uma obra cinematográfica. 

O Arouca Film Festival abre esta sexta-feira pelas 21h00 com uma actuação dos grupo sénior da Santa Casa da Misericórdia de São João da Madeira. A primeira sessão competitiva arranca às 22h30. O festival encerra no domingo pelas 17h30 com a entrega dos prémios aos vencedores, seguindo-se a projecção dos trabalhos realizados no workshop de realização e a actuação da Orquestra Ligeira da Banda Musical de Figueiredo.

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