António Costa diz que a ZER é "um paliativo" para algo "inevitável": fechar o centro de Lisboa ao transporte individual

"A maioria" dos radares de controlo de velocidade está "em reparação" e deverá entrar em funcionamento em Janeiro.

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António Costa, primeiro-ministro Nuno Ferreira Santos

O presidente da Câmara de Lisboa acredita que a alteração da circulação na Avenida da Liberdade “foi muito mais decisiva” para a melhoria da qualidade do ar do que a introdução da Zona de Emissões Reduzidas (ZER). António Costa diz ainda que esta última medida, apesar de ser positiva, é “só um paliativo” para algo que mais tarde ou mais cedo será “inevitável” fazer: proibir a circulação de transportes individuais no centro da cidade.

“Era uma boa acção acabarmos com todo o trânsito para baixo da Avenida da Liberdade”, defendeu o autarca socialista. “Só o avião é que ainda não chega a esta zona”, acrescentou, depois de vincar que a Baixa Pombalina está servida por metro, autocarros, comboios e barcos.

António Costa aproveitou também para lembrar que o último Livro Branco dos Transportes da Comissão Europeia prevê a abolição dos automóveis movidos a combustíveis fósseis das cidades até 2050.  

O presidente da câmara reagia desta forma a declarações do vereador Carlos Moura, do PCP, que defendeu que as novas restrições à circulação que vão ser introduzidas na Avenida da Liberdade e na Baixa a partir de Janeiro de 2015 vão “condenar” quem tem menos recursos “a uma situação de impossibilidade da sua mobilidade”.

“Não estamos a ir socialmente no sentido certo”, defendeu Carlos Moura, para quem “não é exequível pedir aos munícipes ou aos que aqui trabalham que venham em transportes públicos que não lhes oferecem condições”. Já João Ferreira, também do PCP, manifestou dúvidas em relação aos resultados alcançados com a ZER, sublinhando que o seu contributo não pode ser visto de forma isolada de outros factores como a situação económica.

“Nunca ninguém pretendeu que esta medida fosse causa exclusiva”, respondeu António Costa, admitindo que para as melhorias já alcançadas na qualidade do ar concorreram factores como “a crise, a alteração de circulação na Avenida da Liberdade e as pessoas terem deixado de andar de carro por ser mais caro”.

A proposta relativa à terceira fase da ZER acabou por ser aprovada na reunião camarária desta quarta-feira, com os votos contra do PCP e a abstenção do PSD e do CDS. O debate ficou marcado por algumas críticas e por várias perguntas sem resposta.

Por exemplo de João Ferreira, que ficou sem saber como será feita a monitorização do cumprimento das regras da ZER ou quanto é que isso custará. Mas também de António Prôa, do PSD, que não teve resposta à pergunta que fez sobre quais os impactos em termos de qualidade do ar que as alterações viárias introduzidas por este executivo tiveram noutras zonas da cidade. Ou sobre o porquê de a câmara não ser “mais exigente”, acabando com as excepções de que beneficiam os táxis ou aproveitando esta oportunidade para “regular” a actividade dos tuk tuk.

Nesta reunião António Costa anunciou, em resposta a uma outra intervenção do social-democrata António Prôa, que “a maioria” dos radares de controlo de velocidade do município “está em reparação”. “Se tudo correr como previsto”, disse, voltarão a funcionar “em Janeiro”.

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