Anónimos voltam a "rebaptizar" estações do metro de Lisboa com autocolantes falsos

Exemplos dos autocolantes colocados nos mapas da rede
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Exemplos dos autocolantes colocados nos mapas da rede Fotos: Pedro Cunha
Pela segunda vez, foram colados nomes falsos no interior das carruagens
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Pela segunda vez, foram colados nomes falsos no interior das carruagens

Um grupo de anónimos "rebaptizou" no sábado seis estações do Metro de Lisboa com nomes de empresas e do FMI. É a segunda vez que tal acontece, depois de a empresa do metro ter tirado os autocolantes usados da primeira vez. A iniciativa é um protesto contra o patrocínio da PT na paragem da Baixa-Chiado.

Um grupo de amigos voltou a colar vários autocolantes com logótipos de empresas e do FMI nos diagramas de rede das carruagens das composições que circulam nas linhas verde, vermelha e amarela do Metro de Lisboa.

"Restauradores Repsol", "Marquês de Pombal EDP", "São Sebastião Banco BIC", "Campo Grande Zon Multimédia", "Oriente Vodafone" e "Terreiro do Paço FMI" (Fundo Monetário Internacional) são os nomes atribuídos mais uma vez pelo grupo que, há uma semana, tinha colado a primeira série de autocolantes.

“Queremos usar o diagrama como forma de protesto contra a parceria da PT na Baixa-Chiado [que alterou o nome da estação para Baixa-Chiado PT Bluestation em Setembro de 2011, ao abrigo de um contrato publicitário]. O Metro está a vender o espaço público, uma decisão que não foi debatida com os cidadãos e da qual não há nenhuma informação disponível”, disse à Lusa um dos anónimos que está envolvido nesta acção.

As cerca de 20 pessoas envolvidas são utilizadores do Metro, estão ligadas à área da comunicação, design e arquitectura, têm entre 25 e 50 anos e viram nos autocolantes uma forma de demonstrarem a sua indignação pela parceria com a PT.

“Ninguém diz que não possa haver mecenato de empresas privadas a públicas, mas há outras formas de o fazer. Não esta apropriação do espaço público. Há espaços para a publicidade, não é ocupar todo o espaço que as pessoas têm de usar especificamente para se deslocarem”, afirmou à Lusa outra das pessoas ligadas ao grupo.

“Nós somos cidadãos e utilizadores antes de consumidores de marcas. Queremos que as pessoas, ao verem os autocolantes, debatam este tema. Depois da Baixa-Chiado, o que acontece? As restantes estações também vão ser vendidas? Até onde é que vamos? Qual é que é o limite da venda do espaço público”, questionaram.

Além de lançar o debate, este grupo de cidadãos pretende que a parceria da PT na Baixa-Chiado “seja uma vez sem exemplo” e que “acabe já”, pela “invasão da marca” no espaço público.

“Queremos dizer basta às marcas, mas também defender que as empresas públicas não podem ser como os cegos que andam no Metro e perguntam "Quem tem a bondade de me auxiliar?". Não podem ser os directores de marketing a decidir como é que o espaço público funciona".

Com a parceria da PT, que dura quatro anos, além da alteração do nome, a estação da Baixa-Chiado ganhou cores azuis, que identificam a marca da empresa de telecomunicações, um painel informativo, wi-fi grátis, ‘delimitadores’ de plataforma iluminados e um programa lúdico-cultural durante os 365 dias do ano, com acções temáticas diárias sempre diferentes e um tema por mês.

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