Ambientalistas dão parecer desfavorável a empreendimento da Mata de Sesimbra

Associações dizem que empreendimento poderá pôr em causa o projecto de candidatura da Arrábida a Património Mundial da Humanidade.

Foto
Ambientalistas dizem que não foram avaliados os impactes na biodiversidade e no património natural Nuno Ferreira Santos

Três organizações não governamentais de defesa do ambiente deram esta sexta-feira um parecer desfavorável ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do empreendimento turístico da Mata de Sesimbra, que consideram ser um atentado contra o ambiente e ordenamento do território.

 

A Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Associação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus) e Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) acusam a Câmara de Sesimbra de insistir num mega empreendimento com fortes impactes negativos na região e garantem que o EIA não faz uma avaliação dos impactes cumulativos de todos os empreendimentos turísticos previstos para a Península de Setúbal.

Assegurando que já existe “oferta excessiva” para toda a península, para onde está previsto um total de sete campos de golfe e de 30.000 camas, os ambientalistas dizem que se está “em presença do planeamento da construção de um `continuum´ urbano do Seixal até Sesimbra, com impactes sobre as áreas classificadas e as populações, que não foram avaliados”.

Só o empreendimento turístico da Mata de Sesimbra sul prevê um total de 17.000 camas turísticas, a maioria das quais em moradias, e de três campos de golfe, o que para a LPN, Quercus e GEOTA “significa a construção de uma verdadeira cidade, numa zona até agora de uso florestal”.

Para as associações ambientalistas, o EIA também não avalia devidamente os impactes sobre o ordenamento do território (acessibilidades e dinâmica territorial), limitando-se a enunciar algumas condicionantes. “O Plano de Acessibilidades para o concelho de Sesimbra, afirma claramente que, mesmo com todas as medidas preconizadas, não seria possível garantir as acessibilidades para o nível de ocupação que este empreendimento pressupõe”, referem os ambientalistas.

As associações consideram também que não foi feita uma avaliação rigorosa dos impactes sobre os recursos hídricos, abastecimento de água e saneamento básico, nem avaliados os impactes na biodiversidade e no património natural, designadamente sobre o Sítio de Importância Comunitária “Fernão Ferro” e sobre a Zona de Proteção Especial para as Aves “Lagoa Pequena”.

Além de tudo isto, os ambientalistas reiteram que a oferta turística existente na região é mais do que suficiente e está longe de uma ocupação a 100%, mesmo nas épocas altas, salientando ainda que, de acordo com os Censos de 2011, só no concelho de Sesimbra existem 2.836 alojamentos devolutos, o que significa uma capacidade habitacional na ordem das 10.000 pessoas.

Os ambientalistas da LPN, Quercus e GEOTA advertem ainda que o mega empreendimento da Mata de Sesimbra, a ser concretizado, vai alterar profundamente a paisagem e os ecossistemas existentes no local e poderá pôr em causa o projeto de Candidatura da Arrábida a Património Mundial da Humanidade.

Sugerir correcção
Comentar