Amadora vai criar brigadas "anti-rumores" relativos a imigrantes

Campanha lançada no próximo mês pretende desfazer preconceitos contra imigrantes.

Foto
Dez por cento dos habitantes da Amadora são imigrantes Enric Vives-Rubio

A Câmara Municipal da Amadora vai lançar uma campanha que visa "desmistificar rumores e preconceitos" em relação à comunidade imigrante do município, formando "agentes anti-rumor" que possam ter um efeito multiplicador na disseminação da informação.

A presidente da autarquia, Carla Tavares, explicou à agência Lusa que a campanha, denominada "Não alimente o rumor" e que vai ter como símbolo um papagaio, resulta de um desafio lançado pelo Conselho Europeu e arranca a 10 de Setembro, assente nos resultados de um estudo que o ISCTE -- Instituto Universitário de Lisboa está a ultimar.

O estudo do ISCTE tem como ponto de partida alguns "rumores" ou preconceitos relativos à comunidade imigrante, como, por exemplo, "os imigrantes não querem e não gostam de trabalhar", "os imigrantes roubam trabalho aos portugueses", "os imigrantes vivem à custa dos subsídios e outros apoios do Estado", "os imigrantes estão sempre ligados à criminalidade" ou "crianças imigrantes só trazem problemas às escolas".

Em alguns casos, explicou a presidente da autarquia, a campanha poderá ajudar a desmistificar e a eliminar receios relativos a comportamentos que são apenas questões culturais: "Conviver e falar alto são uma característica da comunidade cabo-verdiana, uma questão cultural, mas que às vezes levanta receios".

Para isso, o município pretende formar "agentes anti-rumor", que serão as escolas e associações da cidade, onde se encontram pessoas que "pelo contacto que têm com a população da cidade podem ter um papel de facilitadores e multiplicadores" na disseminação da informação, contribuindo para eliminar preconceitos.

Dados do estudo, ainda a ser concluído, disponibilizados pelo município a propósito desta campanha indicam que "os imigrantes têm sido grandes contribuintes líquidos do sistema nacional”. Em 2010, a diferença ente as contribuições e prestações sociais “foi de 316 milhões de euros".

"Em termos locais, verificou-se também que, em 2011, na população do concelho da Amadora com mais de 15 anos, apenas 6% dos habitantes recorriam a apoios estatais como fonte de rendimento", acrescenta a informação do município.

A campanha visa envolver os cidadãos e o município da Amadora, onde a comunidade imigrante representa 10% dos 175 mil habitantes da cidade, agregando 41 nacionalidades diferentes.

O projecto tem financiamento da União Europeia e vai ser implementado também em várias cidades europeias.

Sugerir correcção
Comentar