Viana do Alentejo vai criar centro do Património Imaterial da Humanidade

Anúncio chegou esta semana e o projecto já está "em fase avançada", diz autarca.

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O cante alentajano foi classificado pela UNESCO em 2014 RAFAEL MARCHANTE/Reuters

O município de Viana do Alentejo vai criar em Alcáçovas um centro UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) dedicado aos bens europeus classificados como Património Cultural Imaterial da Humanidade. O projecto é resultado de uma parceria da Entidade Regional de Turismo com a Câmara Municipal de Viana do Alentejo e deverá estar concretizado no próximo ano.

O edifício que irá acolher o projecto será integrado numa parte do Paço dos Henriques, num prédio histórico onde foi assinado o Tratado de Alcáçovas. O anúncio foi feito esta quarta-feira, em jeito de antecipação da inauguração da capela de N.ª Sr.ª da Conceição e do Jardim das Conchas “Horto do Paço” e a sua zona envolvente, incluindo a Praça da República, que estiveram sob reabilitação e requalificação durante o último ano e meio, num investimento de cerca de 1,7 milhões de euros. Os renovados edifícios no Paço dos Henriques serão inaugurados no próximo dia 4 de Setembro e irão acolher, para já, um centro interpretativo, uma área de exposições, posto de turismo, um núcleo documental e um espaço dedicado à arte chocalheira.

“O Paço dos Henriques/Pagus será uma peça fundamental não apenas na salvaguarda do património cultural imaterial, mas também de forna inédita na sua relação moderna com o turismo, divulgando e valorizando os valores culturais de todo o concelho de Viana do Alentejo e da região Alentejo”, lê-se num comunicado da câmara de Viana do Alentejo.

"É um centro que se pretende que tenha uma dimensão europeia e onde possam estar todos os bens classificados na área do Património Cultural Imaterial", disse o presidente da Turismo do Alentejo e Ribatejo, António Ceia da Silva, à Lusa.

O Património Mundial divide-se entre várias categorias. No grupo do Património Imaterial constam elementos tão diferentes quanto as várias expressões de vida e tradições que comunidades, grupos e indivíduos em todas as partes do mundo, que procuram proteger e eternizar, quer seja através da música, de instrumentos tradicionais ou da gastronomia.

Entre os exemplos de Património Imaterial português constam bens indissociáveis de Portugal, como é o caso do fado (eleito Património Imaterial em 2011) e do cante alentejano (eleito património Imaterial em 2014), e outros que dividem protagonismo com outros países. Trata-se, por exemplo, do caso da dieta mediterrânea, que para além de Portugal é património imaterial de Marrocos, Espanha, Itália, Grécia, Chipre e Croácia. A última candidatura portuguesa bem-sucedida foi a do fabrico de chocalhos, considerado Património Cultural Imaterial da Humanidade numa reunião da UNESCO a 1 de Dezembro de 2015, na Namíbia.

Durante a inauguração do espaço requalificado que irá acolher o centro da UNESCO, realiza-se um ciclo de conferências no âmbito do Pagus, um projecto que visa a salvaguarda da paisagem e do património cultural imaterial euro-mediterrânico e para a promoção do turismo sustentável, organizadas por Paulo Lima, um antropólogo que integrou o projecto de candidatura do fado e do cante alentejano.

Em entrevista ao PÚBLICO em Dezembro de 2015, Paulo Lima partilhava que já tem os programas para as candidaturas das festas do povo de Campo Maior, das jangadas de S. Torpes, dos tapetes de Arraiolos e da coudelaria de Alter.

Para já, em Dezembro deste ano, serão analisadas as candidaturas da Falcoaria e o processo de manufactura da olaria preta de Bisalhães, concelho de Vila Real.

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