Alemães tentam avaliar se luz solar de Santiago do Cacém é boa para a saúde

Miróbriga foi edificada pelos romanos, mas já antes era celta e estes povos edificavam em lugares que tinham uma energia boa.

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Adriano Miranda

A luz solar na zona de Santiago do Cacém está a ser alvo de um estudo “pioneiro” em Portugal, por investigadores de uma universidade alemã, para verificar se tem características benéficas para a saúde.

A investigação, iniciada este mês, está a cargo da Universidade de Wuppertal (Alemanha) e incide na Aldeia dos Chãos, naquele concelho do litoral alentejano.

Durante três meses, dois sensores num edifício da aldeia vão transmitir, em permanência, dados sobre a luz solar local para a universidade alemã, para avaliação.

No próximo ano, talvez “ainda no primeiro trimestre”, o grupo de investigadores deverá deslocar-se a Santiago do Cacém para apresentar os resultados, adiantou hoje Maria Loureiro, da equipa coordenadora do projecto.

Maria Loureiro explicou à agência Lusa que este trabalho é “pioneiro em Portugal” e visa analisar “a composição das cores e o alcance ou intensidade das ondas” solares.

“Até cerca das 12h00, a luz do sol tem cores mais frias, mais claras, ou seja, tons de verde e de azuis, enquanto, das 12h00 até ao cair da noite, começam os tons quentes, como os laranjas e os lilases”, referiu.

Ora, continuou, “está comprovado cientificamente”, que esta luz da parte da tarde “é benéfica para a saúde”, nomeadamente “para o ritmo cardíaco, tensão arterial e combate da depressão”, favorecendo “ a descontracção e o bem-estar”, entre outros factores.

“Há alguns pontos no mundo que dispõem de uma composição de luz diferente de outros, com características benéficas” e Santiago do Cacém “pode ser um desses pontos”, disse.

A hipótese é sustentada pela localização deste concelho do litoral alentejano e por indícios históricos que “apontam no mesmo sentido”, assumiu Maria Loureiro.

“Pela altitude e distância do mar e pela disposição sobre montes e vales, parte-se do princípio que esta luz com estas características existe aí”, precisou.

A névoa também presente “muitas vezes” na zona e que “transporta a luz”, supõem os cientistas, pode contribuir para “quebrá-la’ e reflecti-la de maneira diferente”.

O complexo arqueológico local de Miróbriga foi igualmente um factor considerado: “Foi edificada pelos romanos, mas já antes era celta” e estes dois povos “edificavam povoações em lugares que tinham uma energia boa, relacionada com a luz solar”.

Na altura, “estes efeitos sobre a saúde não eram comprováveis, mas há textos da antiga Miróbriga em que já se falava de uma luz particular na área”, acrescentou.

O estudo surge no âmbito de um projecto para uma herdade, junto a Aldeia dos Chãos e propriedade de Maria Loureiro, apoiado pela câmara municipal, que, a avançar, pretende combinar ecoturismo, investigação e ciência aplicadas, ecologia, cultura e arte.

Os primeiros dados transmitidos pelos equipamentos “já foram promissores” e o objectivo, concluída a investigação e divulgados os resultados, é “certificar esta luz especial”, o que pode “atrair investimento e turismo na área do bem-estar” para o concelho, frisou a coordenadora.

A Câmara de Santiago do Cacém já enalteceu os “valores ecológicos” da investigação e o “impacto positivo” que poderá ter em domínios como “a eficiência energética, alimentação e saúde”.

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