Estudo europeu sobre droga e álcool inclui jovens da Feira

Santa Maria da Feira é o primeiro município português a integrar projecto europeu. Resultados são conhecidos em Março.

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Mercado do cannabis valeu na UE entre 7 a 10 mil milhões de euros NELSON GARRIDO

Os alunos do 9.º, 10.º e 11.º anos das escolas secundárias do concelho de Santa Maria da Feira, com 15 e 16 anos, irão responder a um extenso questionário sobre hábitos de consumo de drogas e álcool e não só. O objectivo é identificar factores de risco e sugerir caminhos para a prevenção na adolescência. Ao todo, 65 perguntas que abordam diversos temas como consumo de tabaco, álcool, cannabis, bebidas energéticas, e também bullying, tempo passado em frente ao computador e ao telemóvel e ainda como os pais reagem a certas condutas. Trata-se de um projecto europeu de prevenção primária intitulado Juventude na Europa – Prevenção da Toxicodependência Baseada em Evidências que reúne vários parceiros internacionais de Malta, Turquia, França, Espanha, Letónia, Itália, Grécia, Portugal e Islândia. Santa Maria da Feira é o primeiro município português a integrar este estudo.

O questionário é anónimo, o conteúdo confidencial. Nem os pais, nem os professores terão acesso aos documentos preenchidos pelos alunos e que serão tratados na Islândia, onde este projecto é desenvolvido e testado há 15 anos – sendo actualmente o país da Europa com uma das mais baixas taxas de consumo de álcool e de uso de substâncias entre adolescente. É na Islândia, portanto, que está a equipa que coordena o projecto e que é responsável pela gestão das actividades transnacionais. A primeira conferência em Santa Maria da Feira está marcada para Março do próximo ano, altura em que serão apresentados os resultados relativos aos adolescentes feirenses e que se debaterão políticas locais de prevenção.

O projecto já foi apresentado a todas as escolas abrangidas, os pais e encarregados de educação terão acesso a informação sobre o estudo e terão de dar autorização para que os seus educandos participem. Os ofícios já foram enviados para as escolas e os questionários serão distribuídos aos alunos nas duas últimas semanas deste mês.

“O objectivo primordial deste estudo é fazer o diagnóstico da situação e recolher informações sobre os melhores caminhos para atrasar esses consumos”, refere ao PÚBLICO Cristina Tenreiro, vereadora da Educação da Câmara da Feira. Os estudos nacionais não mostram cenários animadores nos assuntos que o questionário trata. “São temas delicados que têm de ser abordados na tentativa de encontrar as melhores soluções. Islândia, que há 15 anos desenvolve este projecto, tem tido muitos bons resultados”, sublinha a responsável. 

No documento de apresentação do projecto, percebe-se o alcance deste estudo europeu. “Ao trabalhar com esses factores localmente, o risco de início precoce de consumo de álcool e o uso de substâncias entre os adolescentes podem ser diminuídos substancialmente”. “É sobejamente reconhecido que o consumo de álcool e outras substâncias por crianças e adolescentes é uma preocupação urgente em toda a Europa, não somente porque o seu consumo é ilegal para adolescentes, na maioria dos países, mas principalmente porque os estudos têm mostrado que o consumo precoce de álcool e o uso de drogas aumentam a probabilidade de problemas e comportamentos desviantes no futuro”, acrescenta-se. 

Este projecto é financiado pela União Europeia, ao abrigo do programa Erasmus +, destinado a apoiar iniciativas de educação, formação, juventude e desporto em todos os sectores de aprendizagem ao longo da vida. Em Portugal, é coordenado pela câmara, em parceria com o Conselho Municipal de Educação, escolas abrangidas e comunidade.

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