Activistas destroem um hectare de milho transgénico em Silves

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"É disto que os meus filhos e mulher vivem. É a única fonte de rendimento. Se ceifarem este milho, eu morro à fome", diz o proprietário Paulo Pimenta/PÚBLICO (arquivo)

Cem activistas contra os organismos geneticamente modificados destruíram hoje um hectare de milho transgénico cultivado numa herdade em Silves, no Algarve.

O proprietário da Herdade da Lameira, João Menezes, 56 anos, disse à Lusa sentir "revolta" ao ver o seu terreno vandalizado.
"É disto que os meus filhos e mulher vivem. É a única fonte de rendimento. Se ceifarem este milho, eu morro à fome. Alguém tem de pagar este prejuízo", disse o agricultor, garantindo que tudo está legal e que a propriedade foi vistoriada pelo Ministério da Agricultura.

Luís Grifo, engenheiro técnico responsável pela cultura daquele milho, afirmou-se "repugnado" com a acção dos ambientalistas e garantiu que a seara foi vistoriada pela Direcção-Geral da Protecção das Culturas.

"Isto só se sabe que é milho transgénico que está aqui plantado porque foram cumpridas todas as regras de notificações e avisados os vizinhos", disse à Lusa Luís Grifo.

O engenheiro referiu que Portugal "produz milho apenas para três meses por ano", assegurando que, no resto do ano, o milho é importado e 90 por cento é transgénico.

Activistas foram expulsos pela GNR


Os cem activistas portugueses e estrangeiros foram expulsos do terreno pela Guarda Nacional Republicana (GNR) e pelo proprietário, enquanto gritavam "Não aos OGM!" (organismos geneticamente modificados).



Durante a acção, os activistas tinham as caras tapadas com panos, para, segundo eles, apenas se protegerem do pólen transgénico.



Após terem saído do terreno, pelas 13h00, marcharam em direcção à aldeia de Poço Barreto, numa acção de sensibilização da população contra os transgénicos, estando a ser acompanhados pela GNR.



Os activistas mostraram cartazes, onde se podia ler "Transgénicos, perigo, contaminação" ou "Algarve sem transgénicos".



A acção foi promovida pela associação ambientalista Verde Eufémia, tendo contado com a adesão de alguma população local e agricultores biológicos que discordam dos OGM.


Bruno Martins, uma das pessoas que assistiu à acção de protesto, considerou ser "errado defender assim uma causa".
"Isto não é para ser discutido na praça pública. Tem de ser no Ministério da Agricultura e no Governo. É uma acção errada. Nem sabem defender uma causa porque vêm para aqui fumar e com telemóveis", disse à Lusa.

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