Acabou-se o chefe de estação na linha do Algarve

Refer concluiu empreitada de sinalização electrónica entre Olhão e Vila Real de Santo António.

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Obras atrasam comboios PÚBLICO/arquivo

É um salto do século XIX para o século XXI. Desde a semana passada que o comando e controlo da circulação dos comboios ao longo de todo o litoral algarvio é feito centralmente, recorrendo a modernas tecnologias de telecomunicações e de sinalização electrónica.

A Refer terminou uma empreitada de 2,9 milhões de euros que trouxe para a modernidade o troço de 50 quilómetros entre Olhão e Vila Real de Santo António, onde a passagem de cada comboio ainda era regida inteiramente por meios humanos através de telefonemas entre os chefes das estações.

Este método de exploração ferroviária, designado por cantonamento telefónico, data do século XIX e pouco mudou desde há mais de cem anos.

Agora desapareceu a figura clássica do chefe de estação a dar a partida ao comboio e todo o trânsito ferroviário se processa inteiramente por sinais luminosos. Mas a modernidade vai mais além porque dentro das automotoras o maquinista tem acesso à informação sobre as velocidades a que pode seguir nos troços de via e tem sistemas de segurança que imobilizam a composição se este não respeitar a sinalização.

O controlo da linha entre Lagos e Vila Real de Santo António está centralizado em Faro e foi para lá que a Refer fez deslocar alguns dos ferroviários que até à semana passada trabalhavam nas estações de Olhão, Fuseta, Tavira e Vila Real de Santo António. A empresa não dispensou nenhum funcionário.

Com as estações desguarnecidas, o risco agora é o da sua rápida degradação e maior sujeição ao vandalismo, como tem acontecido ao património ferroviário noutras zonas do país.

Contactada pelo PÚBLICO, a Refer diz que “através dos meios ao dispor e em cooperação com as entidades locais ou com a colaboração das forças policiais, a empresa tem procurado encontrar mecanismos de salvaguarda do património, a par com uma estratégia de valorização e requalificação comercial e patrimonial do edificado, tendo em vista a sua rentabilização considerando as diversas possibilidades de utilização em actividades de comércio, serviços ou habitação."

As novas tecnologias permitem também o incremento das velocidades praticadas sobretudo na aproximação às estações (desaparece igualmente a figura do manobrador que aguarda a entrada do comboio, com uma bandeira), mas, contactada a CP, esta diz que os horários se vão manter porque estas melhorias “não têm impacto relevante nos tempos de trajecto”.

O encurtamento dos tempos de percurso só ocorrerá quando a linha for electrificada pois, apesar da modernidade dos sistemas agora instalados, as automotoras são ainda a diesel. A Refer – que em breve será fundida com a Estradas de Portugal - não tem ainda uma calendarização sobre os investimentos em electrificação.

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