A Confraria do Bom Jesus do Monte anunciou que, a partir do dia 15 de Setembro, será cobrada uma taxa de entrada a veículos a motor no santuário, em Braga. A tarifa, que já era cobrada aos autocarros turísticos, será agora alargada a viaturas particulares. 

Em comunicado, a confraria, entidade responsável pela gestão da basílica barroca, informa que automóveis e motos ficarão sujeitos ao pagamento de um euro pelo acesso à zona envolvente ao edificado. A entidade argumenta que é necessário “ordenar e limitar o acesso de veículos a motor” que, nos períodos de maior procura, como os meses de Verão, “tem provocado conflitos e incidentes, prejudicando o bem-estar dos visitantes e o património natural e cultural”.

A preocupação daquela entidade com a circulação de veículos junto ao santuário é antiga. Num projecto de remodelação da estância, apresentado em 1999, estava já prevista a proibição da entrada de carros no recinto, o que não veio a acontecer. A imposição da taxa, a partir de meados de Setembro, surge depois de, no passado mês de Junho, o santuário do Bom Jesus ter sido integrado na lista dos monumentos portugueses candidatos a Património Mundial, classificados pela UNESCO. Para o presidente da Confraria, Adelino Costa, a recente indicação é um “avanço precioso”, apesar de considerar que ainda faltam “investimentos muito relevantes na requalificação do património cultural e natural, sendo imperioso manter a autenticidade e integridade do espaço”. 

A cobrança da taxa será feita na entrada principal e na entrada pelo lado do hotel Mãe d’Água, onde serão colocadas máquinas de pagamento. Mas há excepções em que o estacionamento não será pago. O acesso será gratuito nos 15 minutos que antecederem o início de cada missa e os clientes dos Hotéis do Bom Jesus e do restaurante Panorâmico terão direito à restituição do euro necessário para a entrada. O parque de estacionamento junto à entrada do Elevador do Bom Jesus também vai continuar gratuito.

No mesmo comunicado, a Confraria informa que será criado um cartão de apoio à candidatura da complexo a Património Mundial, que terá o custo de dez euros, e permitirá livre acesso ao espaço, durante um ano. Em relação a eventos (casamentos, baptizados), cada caso será tratado pela Confraria.  As contribuições cobradas aos autocarros turísticos mantêm-se: os que tiverem lotação até 29 lugares pagam uma taxa de entrada de dez euros, e os que tiverem capacidade para mais passageiros, pagam 15 euros.

A Câmara de Braga já fez saber que discorda da introdução da taxa. Em declarações ao Jornal de Notícias, em Julho, o autarca, Ricardo Rio, considerou que o pagamento de uma "portagem" para automóveis seria prejudicial para os bracarenses e para o turismo. “Já manifestei essa posição à Confraria do Bom Jesus mas foi-me dito que precisa de regular o fluxo de trânsito e daquela verba para manutenção do espaço. Anunciou que anularia o pagamento se o município assumisse o valor, anualmente, o que também não é exequível", explicou, na altura, o presidente da Câmara de Braga.