Turistas já podem descobrir o Porto numa caça ao tesouro via Iphone

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Mesmo antes de começar a divulgar o jogo, Soraia Ferreira foi convidada a mostrá-lo em Nova Iorque paulo pimenta

Resultado de um projecto de doutoramento, a plataforma TravelPlot foi apresentada ontem e pretende dar a conhecer dois mil anos de história da cidade de forma interactiva

Peter, um turista inglês, é o herói acidental do enredo do TravelPlot. Com a ajuda de Kevin, o irmão mais novo que ficou em Inglaterra, procura antecipar-se a Filipe, o portuense de gema que traiu a irmandade dos Cal e quer para si a Taça de Baco, o tesouro em causa. É este o pano de fundo do TravelPlot, uma aplicação para iPhone, iPod e iPad cuja finalidade é oferecer um fio condutor aos turistas que visitam o Porto.

"A melhor forma de descrever o TravelPlot em poucas palavras é pensar num guia turístico não tradicional, que conta 2.000 anos em nove capítulos", explicou Soraia Ferreira, a mentora do projecto, a bordo de um barco turístico atracado no Cais de Gaia. O TravelPlot nasceu no âmbito do seu doutoramento em Media Digitais, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, mas a ideia já lhe tinha surgido há três anos. "Queria dar a conhecer a minha cidade, não só através dos seus monumentos, mas também da gastronomia, vinho do Porto ou do rio Douro. Isto de uma forma divertida, com informação suficiente para as pessoas perceberem o que estão a ver e não se perderem, mas sem ser maçudo", conta.

A aplicação, que já pode ser descarregada na App Store e é gratuita, apresenta 42 localizações, divididas em nove temas da história do Porto, desde a época romana até ao presente, passando pelo casamento de D. João I (1387), a partida para Ceuta (1415), o desastre da Ponte das Barcas (1809) e o Cerco do Porto (1832). A Casa do Infante, a Sé ou o Mosteiro da Serra do Pilar fazer parte do percurso, mas também estão incluídos locais menos populares, como a Bandeirinha da Saúde, no Monte dos Judeus.

A ordem de visita fica ao critério do turista, que pode ler uma pequena descrição do local e deve depois fazer check-in, tirando uma fotografia no ângulo indicado. A partir daí, pode saber se o tesouro se encontra nesse local, através de uma "frequência única" que só pode ser lida através de um dos gadgets compatíveis. Mesmo que não encontre o tesouro, pode ter acesso a pistas para lá chegar e, já agora, aproveitar para partilhar a fotografia nas redes sociais.

Uma aplicação pioneira

A "aventura" apenas começa aí, porque o carácter transmedia da aplicação permite que o turista a continue a seguir em qualquer ponto do mundo, após deixar o Porto. Para além do sítio na Internet (www.travelplot.com), é possível interagir com a odisseia de Peter no Facebook, Twitter e Pinterest (partilha de fotografias). Na conta de YouTube PeterinPorto, a personagem principal da história vai dar conta dos seus progressos ao irmão Kevin.

Soraia Ferreira admite que o TravelPlot é uma "mistura" de influências, já que assume, para além das redes socias já citadas, traços do Foursquare (uma rede baseada em check-ins) e mesmo do geocaching, uma actividade de orientação ao ar livre que consiste na descoberta de uma cache (ou tesouro) com a ajuda de um receptor GPS. "Temos tido reacções muito positivas, mesmo sem nenhuma apresentação do projecto, e até já fomos convidados para apresentar o projecto em Nova Iorque. Trata-se de algo pioneiro, porque o transmedia nunca foi utilizado em termos de turismo", revela Soraia Ferreira.

A sustentabilidade económica da plataforma, que conta com o apoio da Câmara Municipal do Porto e Turismo do Porto e Norte de Portugal, entre outras instituições, pode passar pela angariação de parceiros, que se integrem nos pontos de interesse propostos. Para já, as caves Cálem, os cruzeiros Douro Azul, o restaurante Vinhas d"Alho e a loja Porto com Arte têm ofertas específicas para os utilizadores do TravelPlot, sendo que um euro reverte para o Projecto Joãozinho, com o qual o Hospital de São João está a angariar fundos para a construção de uma nova ala pediátrica. O final do projecto está agendado para 9 de Setembro, mas a expectativa é que tenha continuidade: "Esta é uma experiência-piloto. O caminho natural de qualquer realização transmedia é crescer. Há muitas localizações não abordadas e gostaríamos de fazer ligações para outros países", assume Soraia Ferreira.

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