Suburbanos do Grande Porto ganharam mais meio milhão de passageiros em 2010

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O movimento de Outubro e Novembro cresceu 4,5 por cento face a 2009 NELSON GARRIDO

Período de maior aumento coincide com a introdução de portagens nas ex-Scut. A CP diz que faltam estudos que relacionem estes factos mas afirma que a crise explica esta mudança

Em 2010, a CP registou um aumento de meio milhão de passageiros nas suas linhas suburbanas do Grande Porto, o que representa um crescimento de 2,7 por cento face a igual período homólogo. Esse aumento foi maior nos meses de Outubro e Novembro (que coincide com a introdução de portagens nas ex-Scut A29, A28, A41 e A42), tendo então a unidade de negócios CP Porto registado um aumento de 4,5 por cento referente a viagens ocasionais e pendulares (casa-trabalho e trabalho-casa), face ao período homólogo de 2009.

Contudo, "sem a realização de ques- tionários específicos (que a CP não fez) sobre o motivo da adesão do utente ao comboio, não é possível apurar o factor que motiva um determinado crescimento de passageiros nas linhas ferroviárias", disse ao PÚBLICO uma fonte oficial da empresa. Por este motivo, a mesma fonte refere que não se pode garantir que a introdução de portagens nas ex-Scut foi, de facto, responsável pelo aumento da procura.

Certo é que a CP Porto não tem parado de crescer nos últimos anos. "Estes crescimentos são, na maior parte das vezes, registados mensalmente, tendência que julgamos ser alargada a toda a área metropolitana, já que o sistema de transportes existentes é relativamente recente e constitui forte impulsionador da adesão de clientes", diz a empresa. Por outras palavras, a existência do metro do Porto e a modernização das linhas para Braga, Guimarães, Caíde e Nine continuam a explicar ainda o aumento da procura. É que, antes disso, o Porto não dispunha verdadeiramente de um sistema de transportes públicos moderno.

Outra razão apontada pela CP é o "actual contexto sócio-económico, designado por crise, que tem seguramente contribuído para a adesão de novos clientes". Prova disso é o au- mento dos passes mensais, que indicia que houve gente que largou o automóvel e passou a ir para o trabalho ou para a escola de comboio. Por outro lado, desde 2009 que os passes sub-23 e 4_18, destinados a jovens estudantes, induziram um forte aumento deste segmento.

A CP diz ainda que tem realizado parcerias com autarquias e outras entidades locais para fazer transportes especiais quando há eventos, o que também terá contribuído para o acréscimo de procura. Em jeito de conclusão, a empresa diz que "não se pode atribuir estes crescimentos exclusivamente à questão das portagens nas Scut" e que ainda é cedo para se tirar conclusões. "Só em Janeiro as medidas de austeridade relacionadas com a contenção orçamental de 2011 se começaram a reflectir directamente na "economia doméstica" dos cidadãos", mas a CP espera ter dados mais conclusivos muito em breve.

O PÚBLICO perguntou à transportadora pública se, numa perspectiva pró-activa, tinha realizado algum estudo para saber do impacto da introdução de portagens na A23 (Covilhã-Torres Novas) na Linha da Beira Baixa. A CP respondeu que não o fez, acrescentando, contudo, que está "atenta a esta questão".

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