A Refer construiu muros laterais com o objectivo de impedir o atravessamento de peões sobre a linha do comboio, na zona da Rua/Travessa da Ranha e parte baixa da Rua da Nau Vitória, em Campanhã. A empresa colocou lá os muros por razões de segurança. Como a linha passará, em breve, a ter maior frequência de composições devido à ligação a Leixões, a Refer optou por impedir a passagem com o intuito de evitar acidentes. Mas os moradores é que não tiveram pelos ajustes e já deitaram a baixo parte dos dois muros - o suficiente para poderem continuar a utilizar aquela passagem, o que ontem à tarde acontecia com alguma frequência, como o PÚBLICO teve oportunidade de constatar.

A alternativa a atravessar a linha é um túnel de tal forma exíguo que mal cabe um carro, pelo que a passagem de um veículo em simultâneo com peões se faz com dificuldade e evidente risco de segurança. A escassa largura do túnel está aliás bem patente nas paredes esmurradas pela passagem dos automóveis.

Para além do perigo que representa para os peões circular no túnel, José Amaral, presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, faz notar que existem mais problemas como "a falta de iluminação, o facto de o túnel inundar com a chuva e até o risco de assaltos". Por outro lado, con- forme assinala, estando prevista para aquela zona uma nova estação de metro da futura linha Dragão-Gondomar, leva-o a prever um maior desenvolvimento populacional para aquela área.

O caso foi denunciado na Assembleia Municipal do Porto da última segunda-feira por Ernesto Santos, secretário da Junta de Freguesia de Campanhã, que pediu uma intervenção da câmara no processo. Já ontem, o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Gonçalo Gonçalves, deslocou-se ao local na companhia do presidente da junta de freguesia e, segundo José Amaral, comprometeu-se a estudar uma solução que deverá passar pelo alargamento do actual túnel ou, em alternativa, pela construção de outro túnel, mais ou lado. Se este eventual segundo túnel irá servir apenas para peões ou para estes e automóveis é outro aspecto a estudar. "Por questões de segurança", o responsável pela junta de freguesia prefere o alargamento do túnel ou a abertura de um segundo, rejeitando que os peões continuem a atravessar a linha de comboio.