Radares da VCI registam 1200 infracções por dia

Se nos últimos três meses passou a mais de 90 quilómetros à hora por cima dos sensores instalados no asfalto da Via de Cintura Interna e foi alvo do indesejado "flash" dos radares, é provavel que ainda não tenha recebido a má notícia da multa. Segundo referiu ao PÚBLICO Albano Carneiro, director Municipal da Via Pública da Câmara do Porto, a actualização dos processos das infracções cometidas na VCI está a decorrer a um ritmo acelerado mas ainda conta com três meses de atraso. Diariamente, 1200 automobilistas insistem em ultrapassar o limite de velocidade dos 90 km/hora. O responsável do gabinete que vigia o tráfego naquela via 24 horas por dia garante que houve uma diminuição das infracções e da sinistralidade, bem como uma melhoria da fluidez do trânsito. O abrandamento é menos notório na zona do Freixo, onde foram instalados mais recentemente os aparelhos.Há nove meses atrás os "flashes" dos radares da VCI, no troço entre o viaduto do Amial e o nó de Francos, começaram a disparar. Segundo Albano Carneiro, a consequência imediata foi "uma redução drástica" nos excessos de velocidade que habitualmente eram cometidos naquela zona. Neste caso, o período de "adaptação" dos condutores terá sido relativamente rápido o que não se verificou com tanta nitidez no troço da zona do Freixo, que recebeu no passado mês de Março os atentos aparelhos. Ainda assim, entre os 160 a 200 mil automóveis que todos os dias passam na VCI, nos dois sentidos, uma média de cerca de 1200 ultrapassam o limite. O que, grosso modo, significa 50 "excessos" por hora. O número poderá parecer elevado mas, quando comparado com aos registos anteriores à instalação dos radares, não será tanto assim. Se não, vejamos: de acordo com os dados revelados pela autarquia no início de 2003, em Agosto de 2002 registavam-se 17500 infracções por dia, e passado um mês (a fase experimental do equipamento iniciou-se em Setembro e durou até Janeiro), o número caiu para 7259. O director municipal da Via Pública soma ainda o facto de os radares terem também conseguido diminuir, não só a quantidade, mas a gravidade das ionfracções. Aliás, os bons resultados verificados até agora fazem prever que a autarquia continue com a estratégia até à colocação dos 12 radares previstos, desde a Ponte da Arrábida à Ponte do Freixo.Apesar de ainda não existirem estatísticas que forneçam números precisos e o retrato nítido dos efeitos dos radares, Albano Carneiro considera que o período mais crítico deverá ser assinalado aos fins-de-semana. "Observando o comportamento dos condutores, parece-nos que será nas noites de fim-de-semana que as infracções são mais graves mas não necessariamente mais numerosas", especifica. E quanto aos excessos mais comuns, estes estão situados abaixo da fasquia dos 100 quilómetros por hora. Ou seja, a grande maioria dos prevaricadores, entre 60 a 70 por cento, circula a uma velocidade situada entre os 90 e 100 quilómetros por hora, o que se traduz em multas de 50 euros.Por outro lado, o director municipal da Via Pública salienta que a "fluidez do trânsito melhorou consideravelmente". Segundo adiantou, "circula-se agora a uma velocidade de ponta mais baixa, mas a velocidade média subiu". Realçando que o principal objectivo desta operação é "aumentar a segurança" naquela via, Albano Carneiro repara que a sinistralidade (ver caixa) também sofreu uma diminuição. "Fazemos o acompanhamento on-line do tráfego e, apesar de não existirem estatísticas, podemos afirmar que seguramente diminuíram os acidentes".A montagem do sistema custou cerca de meio milhão de contos. A Câmara Municipal recebe cerca de 30 por cento do valor cobrado por cada auto emitido, revertendo os restantes 70 por cento para a DGV. A viagem percorrida pela multa começa na Direcção Municipal da autarquia, sendo depois enviada para a DGV que então encaminhará a má notícia ao proprietário do veículo automóvel. Depois do protocolo assinado em Maio deste ano, entre a autarquia e a Secretaria de Estado da Justiça, que permitiu o acesso à base de dados de registo automóvel, a câmara tem recuperado o atraso na entrega dos autos, estando actualmente a enviar os processos relativos a infracções cometidas há três meses. 240 quilómetros por hora foi a velocidade mais alta registada pelos radares da VCI, a funcionar em pleno desde o início do ano, no percurso entre o Viaduto do Amial e o Nó de FrancosVeículos LigeirosEntre 90 e 120 Km/hora - multa de 50 eurosEntre 120 e 140 Km/hora - multa de 100 eurosMais de 140 Km/hora - multa de 120 eurosVeículos PesadosEntre 90 e 110 Km/hora - 50 eurosEntre 110 e 120 Km/hora - 100 eurosMais de 120 Km/hora - 120 euros* valores mínimos previstos da lei que, alegadamente, são os que estão a ser cobrados. Sendo que, legalmente, a coima pode atingir o máximo quando o valor mínimo é multiplicado por cinco.

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