Parque Escolar abateu cedros centenários na Secundária de Arouca mas promete plantar novas árvores

O abate de cedros centenários e de vários plátanos na Escola Secundária de Arouca está a provocar espanto e apreensão na comunidade local. A escola está em obras e o projecto da Parque Escolar definiu um acréscimo do espaço edificado e mudança da entrada, por uma questão de segurança, o que levou ao desbaste de uma mancha verde.

A empresa admite, em resposta enviada por email, que serão abatidas 109 árvores por se apresentarem bastante danificadas, mas plantados 278 novos espécimes arbóreos, mais 157 arbustos, 4453 espécies arbustivas e ainda 12.042 metros quadrados de relvados e prados de sequeiro. "Não é abatida qualquer espécie protegida", garante. Além disso, 35 árvores serão transplantadas. A empresa lamenta não ter conseguido preservar os cedros centenários e revela, a propósito, que "colocou em curso um programa de revisão de todos os projectos de paisagismo para as escolas que vão entrar em obras", de forma a evitar situações semelhantes.

A vereadora do Ambiente na Câmara de Arouca, Isabel Vasconcelos, já passou pelo local e admite que não ficou contente. "Pessoalmente, fiquei muito triste, nunca imaginei que o desbaste fosse tão grande e fiquei um bocadinho incomodada", revela.

A responsável não assistiu à apresentação pública do projecto de requalificação da Secundária de Arouca, por motivos profissionais, mas reconhece que deveria ter-se inteirado de todos os passos previstos, para não ser apanhada desprevenida. "Espero que a remodelação feita contemple um jardim", afirma. Isabel Vasconcelos recorda ainda que a Parque Escolar tinha pedido à autarquia um espaço para transferir algumas árvores, tendo, entretanto, desistido da ideia, por ter encontrado um espaço dentro da própria escola.

Para Filomeno Silva, da Associação da Defesa do Património Arouquense, a situação é delicada, até por se tratar de uma obra governamental. Não conhece o projecto, mas, mesmo assim, defende que os cedros não deviam ter sido abatidos. "Deveria ter imperado o bom senso. O arquitecto poderia ter conciliado esse espaço verde com o que queria construir."

Contactada pelo PÚBLICO, a directora da Escola Secundária de Arouca, Adília Cruz, não quis comentar o abate das árvores. "Não me pronuncio sobre esse assunto porque esse trabalho é da Parque Escolar", disse, adiantando que as obras no estabelecimento de ensino "são necessárias" para dar uma resposta adequada aos cerca de 1100 alunos.

Os preparativos para a construção da nova escola já começaram. A obra vai custar 13 milhões e decorrer ao longo de 20 meses.

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