Mais urgências e menos consultas externas

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As unidades de saúde familiar contribuíram para a diminuição dos serviços de urgência NELSON GARRIDO

Os episódios de Urgência têm vindo a descer desde 2006. As estimativas da Administração Regional de Saúde apontam para uma redução mais acentuada no segundo semestre do ano

Quatro anos após o arranque da reforma dos cuidados de saúde primários e da reorganização dos serviços de urgência, a estratégia delineada começa finalmente a dar frutos expressivos. Em toda a região norte, o número de episódios de urgência tem vindo a diminuir desde 2006, mas nos primeiros quatro meses deste ano a diminuição do recurso às urgências superou as expectativas mais optimistas e perspectiva-se uma diminuição ainda mais acentuada no segundo semestre do ano.

As pessoas procuram cada vez menos os serviços de urgência - na região norte, só um centro hospitalar constituiu excepção, o do Médio Ave, com um aumento de quatro por cento. De resto, a quebra atingiu os 8,2 por cento nos primeiros quatro meses deste ano face a igual período de 2009, quando em quatro anos (de 2006 a 2009), a diminuição foi de 10 por cento. Um fenómeno que fica a dever-se a uma cada vez maior acessibilidade aos médicos de família (graças à reforma dos cuidados de saúde primários em curso e à multiplicação de unidades de saúde familiar, que absorvem mais utentes e dão uma resposta mais personalizada) e à redução das listas de espera para consulta externa e cirurgias, explica Fernando Araújo, presidente do conselho directivo da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte.

Os dados vão ser divulgados hoje, durante a cerimónia de assinatura dos contratos-programa de 18 hospitais e unidades locais de saúde da região norte, num valor aproximado de 1,5 mil milhões de euros, mais 0,62 por cento do que em 2009. "A contratualização com os hospitais ganha mais relevo numa altura de grandes constrangimentos económico-financeiros", como é a actual, sublinha Fernando Araújo, que espera que os cortes esta semana anunciados não afectem a prestação dos cuidados de saúde, uma vez que não implicam uma redução da produção.

Para este ano, estão previstas mais de quatro milhões de consultas externas; destas, 1,2 milhões são primeiras consultas. "A taxa de primeiras consultas cresceu de 23 para 29 por cento, o que permite reduzir as listas de espera", nota Fernando Araújo. A cirurgia de ambulatório (sem internamento) cresceu 112 por cento nos últimos cinco anos e representa já mais de metade das operações (52,5 por cento é a previsão para este ano). Ao mesmo tempo, a cirurgia convencional diminuiu, tal como os internamentos. A mediana (tempo mais provável de espera) passou de cerca de oito meses para 3,2 em Dezembro de 2009, enquanto na consulta externa diminuiu de seis para três meses. Mas, como há franjas que escapam a esta mediana, a ARS-Norte estabeleceu como meta que nenhum doente espere mais de um ano por uma cirurgia ou uma consulta, até ao final deste ano. E, além dos indicadores nacionais, fixou-se ainda outro objectivo em termos regionais: uma redução em 10 por cento da taxa de cesarianas.

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