Derrocada matou três operários na obra da Barragem de Foz Tua

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Trabalhadores comentavam ontem que estas escarpas estão instáveis dr

Acidente aconteceu no dia em que a Assembleia da República discutia uma petição pelo fim da barragem e contra a submersão da Linha do Tua

Três trabalhadores morreram ontem, esmagados numa derrocada, nas obras da Barragem de Foz Tua, em Carrazeda de Ansiães, distrito de Bragança.

Pouco faltava para as 14h, quando um rochedo se desprendeu de uma escarpa com mais de cem metros de altura, junto à foz do Tua, na margem esquerda do rio. O rochedo colheu uma escavadora giratória e três trabalhadores que passavam no local. A derrocada acabou por conduzi-los à morte, trinta metros mais abaixo. Tinham 41, 53 e 57 anos e eram naturais de Cabeceiras de Basto, Alijó e Armamar.

"Tudo indica que se trata de um aluimento natural muito similar a outros que se verificaram naquela margem. Era a zona onde existia a linha férrea e já tinha havido aluimentos, que provocaram mortes de pessoas que seguiam no comboio", frisou António Ferreira da Costa, administrador da EDP Produção. A EDP abriu já um inquérito sobre o acidente.

Os corpos dos três trabalhadores foram resgatados por volta das 17 horas e transportados para o Instituto de Medicina Legal, em Mirandela.

No local estiveram uma viatura e um helicóptero do INEM e os bombeiros de Alijó, Sanfins do Douro e Carrazeda de Ansiães, apoiados por seis veículos, para proceder ao resgate dos cadáveres, numa operação que o comandante da Protecção Civil de Vila Real, Carlos Silva, considerou "difícil e com alguns riscos". "Tivemos de pôr em prática uma operação especial para o resgate das vítimas, com recurso a cordas. Foi ainda usada máquina para remover pedra e aceder a um dos corpos", explicou, garantindo que "todo o plano de emergência está aprovado e tem sido discutido" com as autoridades. No entanto, admite que, agora, vai ser preciso ver "se há necessidade de reavaliar o plano de segurança" da obra. O consórcio promotor já garantiu que todas as normas de segurança foram cumpridas.

Alguns trabalhadores comentavam no local do acidente que esta é uma zona onde é difícil trabalhar, pois as escarpas estão muito instáveis, "devido às infiltrações que surgiram ao longo dos anos".

Este foi o segundo acidente grave na obra. Em Agosto, a queda de uma plataforma fez três feridos.

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