Centro Hospitalar do Porto é a unidade de gestão empresarial com maior prejuízo

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Organizar melhor os serviços e aperfeiçoar o controlo dos consumos são medidas para redução do prejuízo nelson garrido

Centro composto pelo Santo António, Maria Pia e Maternidade de Júlio Dinis prevê equilibrar as contas no prazo de dois anos. Hospital de S. João teve um lucro de 700 mil euros

O Centro Hospitalar do Porto, o hospital com gestão empresarial no Norte que mais prejuízos gerou em 2009, prevê equilibrar as suas contas em dois anos, disse ontem o presidente da administração, Pedro Esteves. "Neste momento, temos em marcha um plano de recuperação com o objectivo de conseguir, até 2012, o equilíbrio das contas", afirmou o gestor à agência Lusa (ver mais noticiário na página 11).

Organizar melhor os serviços, aperfeiçoar o controlo dos consumos e maior responsabilização das estruturas intermédias são algumas vertentes do plano, segundo Pedro Esteves. Os prejuízos dos hospitais nortenhos do sector público empresarial (hospitais EPE) cifraram-se em 62,1 milhões de euros.

O Jornal de Notícias avançou ontem que os hospitais com gestão empresarial aumentaram os prejuízos em 40 por cento, para os 295 milhões de euros, no ano passado. De acordo com o jornal, que cita dados provisórios da Administração Central do Sistema de Saúde, os prejuízos dos hospitais geridos com regras empresariais passaram de 213 milhões, em 2008, para 295 milhões de euros, no ano passado.

Metade desse valor (31,7 milhões de euros, mais sete milhões do que em 2008) é da responsabilidade do Centro Hospitalar do Porto, que integra o hospital central de Santo António, a Maternidade de Júlio Dinis e o hospital pediátrico Maria Pia.

O outro hospital central do Porto, o de S. João, contabilizou lucros de 700 mil euros, que o presidente do conselho de administração, António Ferreira, justifica pela implementação de "novos modelos de gestão clínica". "O empenho e a disponibilidade dos profissionais do hospital" são outras razões apontadas pelo gestor que, numa breve declaração à Lusa, se escusou a comentar o quadro geral dos hospitais EPE.

"Ligeiro agravamento"

Melhor ainda do que o resultado do S. João é o da unidade no Porto do Instituto Português de Oncologia, com lucros no ano passado de 8,2 milhões de euros.

O presidente da administração, Laranja Pontes, disse à Lusa que os resultados alcançados decorrem, em parte, da forma como se faz gestão de pessoal. "Temos profissionais motivados e bons, mas só os necessários", disse o presidente da administração, que sublinhou ainda os ganhos obtidos com os protocolos relativos à medicação. "Se não houvesse este controlo técnico, havia, de certeza, desperdício", afirmou Laranja Pontes.

Os prejuízos da rede portuguesa de hospitais EPE, que inclui 40 unidades, aumentaram 40 por cento em 2009 para 295 milhões de euros, um quadro que implica, na perspectiva de Laranja Pontes, "ajustamentos em algumas áreas". Os hospitais EPE "já estiveram mais equilibrados. Nos últimos dois anos, tem havido um ligeiro agravamento", reconheceu o presidente da administração do IPO Porto, sublinhando, contudo, que "não se pode esquecer" o acréscimo de despesa motivado pela generalização de novos medicamentos e pelo aumento de intervenções cirúrgicas. "Tudo isso tem um custo. E esse custo está aí, vertido nas contas", sublinhou.

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