Seixal desafia população a instalar ninhos de chapim contra a lagarta-do-pinheiro

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Ave é um predador natural

O aliado da Câmara do Seixal para combater a praga da processionária-do-pinheiro tem penas coloridas, canta e mede entre 11 e 16 centímetros. Mas é eficaz no seu papel de predador natural. A população foi desafiada a instalar ninhos de chapim e a partir de hoje já serão 123.

No dia em que terminaram as inscrições para o projecto "O Chapim vem ao Seixal", a 31 de Janeiro, a autarquia tinha 34 pessoas que ofereciam as suas casas para a instalação de ninhos para as cinco espécies de chapim que vivem no concelho. "Infelizmente, nem todos os que se inscreveram moram nas zonas incluídas no projecto, ou seja, áreas de pinhal", lamentou Jorge Didelet, director do Departamento de Ambiente da Câmara do Seixal. Por isso, hoje serão instaladas apenas 15 caixas-ninho nas zonas da Verdizela, Foros de Amora e Belverde. "Contamos com um grande apoio da população", comentou ao PÚBLICO, referindo-se a um projecto que começou em 2008. Nesse ano foram distribuídos 62 ninhos, dos quais resultaram 173 ovos e 100 crias. No ano seguinte foram instalados 46 ninhos e este ano, outros 15.

A operação decorre numa altura em que a praga se torna mais visível, entre Janeiro e Março. Longas filas de lagartas (Thaumetopoea pityocampa Schiff) descem dos seus ninhos nos pinheiros em direcção ao solo, em busca de locais para se enterrarem. O fenómeno não é inócuo. Os pêlos urticantes destas lagartas causam alergias na pele, nos olhos e no aparelho respiratório, colocando problemas de saúde pública.

A estratégia de combate da autarquia, que começou apenas com tratamentos químicos, passou, em 2006, a contar com a ajuda dos chapins, predadores naturais daquela lagarta e que se alimentam de sementes e insectos. Segundo a câmara, um chapim come até um terço do seu peso, todos os dias. Numa primeira fase, os ninhos eram instalados nas escolas onde o problema era mais sentido. Agora, toda a população está envolvida. "Além de instalarmos os ninhos, damos orientações às pessoas sobre como acompanhar os ninhos, como devem ser observadas as aves e quais os cuidados de limpeza a ter", explicou o responsável. Em média, o chapim vive cerca de quatro anos e cada casal coloca, por ano, entre cinco a seis ovos.

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