Estação de Setúbal beneficiou de obras de 14,3 milhões, mas terá menos comboios

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Remodelação incluiu linhas para "serviços de longo curso" ENRIC VIVES-RUBIO

Refer investiu na remodelação da estação da cidade do Sado, mas a CP vai suprimir todas as ligações para o Alentejo e Algarve. Autarquias da região contestam alterações

A Rede Ferroviária Nacional (Refer) anunciou em Junho do ano passado que concluíra a remodelação da estação de Setúbal, "que teve como principais objectivos melhorar a sua funcionalidade, nomeadamente, em termos de exploração ferroviária e de movimentação de passageiros". A empreitada, que orçou em 14,3 milhões de euros, incluía "linhas de passagem para serviços de longo curso". No entanto, a partir de 11 de Dezembro, estes serviços vão desaparecer pois a cidade sadina ficará sem comboios Intercidades para o Algarve, no âmbito da nova oferta que a CP vai implementar na Linha do Sul.

Além do longo curso, Setúbal perderá também os comboios regionais para o Alentejo e Algarve, que também serão suprimidos a partir da próxima semana. Os Intercidades vão continuar a passar e a parar em Pinhal Novo, que é servida pelos comboios suburbanos da Fertagus e da CP vindos de Setúbal, mas o serviço regional desaparece por completo, deixando de constar no mapa ferroviário português as estações e apeadeiros de Monte Novo, Alcácer do Sal, Canal Caveira, Azinheira de Barros, Lousal, Alvalade do Sal, Amoreiras-Odemira, Luzianes, Pereiras e São Marcos da Serra (este último na serra algarvia).

Serviço regional residual?

A CP alega que a mobilidade daquelas localidades fica assegurada através de uma "alternativa rodoviária adequada às necessidades da população" tendo obtido o acordo das respectivas câmaras municipais, com as quais estabeleceu um rebatimento em autocarro às estações que são servidas pelos Intercidades.

Estes comboios rápidos, ao não passarem por Setúbal e seguirem directamente pela bifurcação do Poceirão para a Linha do Sul e pela variante de Alcácer, ganham 25 minutos no tempo de percurso entre Lisboa e Faro. A CP justifica também que o número de passageiros no serviço regional da Linha do Sul é residual e dá prejuízos de 1,9 milhões de euros por ano. Um valor que, contudo, a empresa não quis explicar ao PÚBLICO quando questionada sobre a estrutura de custos daquele serviço.

Os comboios regionais daquela linha começaram por ser directos do Barreiro para Faro, mas a empresa encurtou o percurso, limitando-os ao trajecto Setúbal-Tunes e obrigando os passageiros vindos do Alentejo a vários transbordos até chegar a Lisboa, desincentivando o uso do comboio.

A subcomissão de trabalhadores ferroviários de Barreiro-Sado defende, em comunicado, que a Linha do Sul está modernizada e tem reduzidos custos de exploração, mas os horários são desadequadas e não permitem, por exemplo, que as pessoas do Alentejo possam ir e voltar a Lisboa no mesmo dia.

Também o Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) e o PCP já se manifestaram contra esta redução da oferta da CP. Para o PEV, a medida é "mais um ataque inaceitável, incompreensível e insensato desde Governo PSD/CDS-PP à rede ferroviária nacional, ao direito à mobilidade dos portugueses e ao desenvolvimento regional".

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