Movimento Sousa Bastos quer reactivar o teatro de Coimbra

Os responsáveis do movimento não aceitam os planos do proprietário do edifício da Alta de Coimbra, que quer erguer apartamentos no imóvel devoluto

O movimento Sousa Bastos Vivo - Espaço Social e Performativo exigiu ontem "às entidades reponsáveis" a "reactivação do Cine-Teatro Sousa Bastos para fins directa e inequivocamente relacionados com a produção de factos culturais e sociais", rejeitando a intenção do proprietário de construir apartamentos neste edifício da Alta de Coimbra, devoluto há décadas. "Seria um erro estratégico colossal perder um centímetro quadrado deste edifício em funções que podem ser implementadas noutros locais desta malha urbana", afirmou Luís Sousa, deste movimento, reiterando a defesa de "um espaço de apresentação pública com capacidade para centena e meia de pessoas, quatro salas de ensaio, doze espaços administrativos, um secretariado comum, duas lojas, um espaço expositivo e um bar".
O projecto definitivo de reconversão do Teatro Sousa Bastos ainda não foi entregue pelo proprietário, esperando-se que tal aconteça até ao fim do mês. Apesar de condicionado ainda à apresentação de dados relativos à fachada e acabamentos, o estudo prévio elaborado pelo proprietário já recebeu parecer favorável do Instituto Português do Património Arquitectónico.
Luís Sousa chamou a atenção para a importância de se realizaram escavações arqueológicas no local, já que há indícios da existência de uma cripta no subsolo, o que constituiria um "vestígio pré-romano" único em Coimbra. A afectação de uma verba de 15 mil euros nas Grandes Opções do Plano da câmara para as escavações faz com que o movimento exija saber quais são "as contrapartidas que a câmara pretende tirar deste investimento".
"As prospecções arqueológicas deviam estar neste momento no terreno, e em força, mas só com um protocolo entre a câmara e o proprietário", afirmou Sousa, sublinhando que estas despesas cabem aos promotores. O presidente da autarquia, Carlos Encarnação, explicou que o espaço deve servir uma "área pública" dedicada "às associações", incluindo ainda um auditório, mas que deve ser "compensada pelo privado com habitações", garantindo, contudo, que, "primeiro, a câmara tem obrigação de realizar as escavações arqueológicas".
Arquitectura e Arqueologia - integração de achados arqueológicos em contexto de renovação e Património e Criação Artística - A candidatura de Coimbra a Património da Humanidade são dois debates que o movimento vai promover, às 21h00, nos dias 26 de Abril, no Ateneu de Coimbra, e 3 de Maio, no Café Santa Cruz, respectivamente. O primeiro conta com a participação dos arqueólogos Jorge Alarcão e Manuel Real e do arquitecto João Mendes Ribeiro. No segundo, participam um representante da autarquia, o pró-reitor da Universidade de Coimbra, a ex-directora do Museu Machado de Castro e o sociólogo Paulo Peixoto. Maria João Lopes

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