Coimbra avança com escavações arqueológicas no Teatro Sousa Bastos

Resultados podem obrigar a adaptações, mas não farão a câmara desistir do projecto anunciado

A Câmara Municipal de Coimbra chegou a acordo com o proprietário do antigo Teatro Sousa Bastos, situado na Alta da cidade, para a imediata realização de escavações arqueológicas no local. O objectivo, disse o presidente da autarquia, Calos Encarnação, é analisar o valor dos achados - pertencentes à Igreja Românica de São Cristóvão e, eventualmente, de uma basílica anterior - que supostamente se encontram sob o edifício. E, depois, com condicionantes ou não, avançar com o projecto que sempre defendeu e que tem tido a oposição do chamado "Movimento Sousa Bastos Vivo"."É fundamental salvaguardar a questão arqueológica. Quanto ao passo seguinte, mantenho o que sempre disse: que não há condições para se fazer um teatro naquele local", sublinhou Carlos Encarnação, em declarações ao PÚBLICO. Na sua perspectiva, "e tendo em conta a situação económica da câmara municipal, o importante é recuperar uma vertente cultural (assegurando a construção de um auditório e de salas destinadas a associações) através de um acordo útil com o proprietário (que poderá construir, no local, habitação)".
Segundo o acordo estabelecido com o proprietário do prédio, após as escavações, feitas por técnicos da autarquia, será analisada a necessidade de proceder - ou não - à alteração do projecto de arquitectura já previsto. Depois de este ter sido aprovado prevê-se, ainda, que as partes envolvidas celebrem um protocolo, que poderá passar pela cedência de parte do edifício à autarquia.
Contactado pelo PÚBLICO, Luís Sousa, representante do "Movimento Sousa Bastos Vivo", congratulou-se com o início das escavações, que permitirão avaliar a importância das estruturas pertencentes à Igreja Românica de São Cristóvão, sobre a qual foi construído o edifício, e apurar se há ainda vestígios de um outro templo, anterior.
"Só se lamenta que este processo avance apenas após três anos e meio de mandato", comentou Luís de Sousa, que assegura que o movimento que representa "continuará a bater-se contra o uso privado daquele espaço". "Se os achados se revelarem importantes, ainda mais anedótico será permitir a construção de habitação ou de escritórios naquele local", afirmou.

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