Cartas à directora

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Reclamação

Um dos motivos pelos quais sou comprador e leitor regular do PÚBLICO desde o primeiro número tem sido a qualidade, atualidade e ponderação da abordagem da problemática religiosa em Portugal e no mundo pelo jornalista António Marujo. É, sem dúvida, o profissional mais qualificado da imprensa portuguesa na abordagem da questão religiosa nas sociedades contemporâneas. As suas oportunas entrevistas, reportagens, análises, artigos de opinião não têm paralelo nos meios de comunicação portugueses.

Por isso, ao dispensá-lo estão também a dispensar um comprador e leitor habitual.

Paulo Melo

(leitor do PÚBLICO desde o primeiro número)

Um Lance falso e

pouco "strong"

Dando como certezas indesmentíveis as provas contra Lance Amstrong, o ciclista norte--americano, de dopagem forte e feio e do uso de substâncias proibidas para alcançar objectivos relevantes (...), caímos na burla maior do desporto e no maior artifício de fabricação de atletas de alto rendimento, e de fama.

As acusações provadas contra o "superatleta e campeão universal", para lá das montanhas, do asfalto, e de todas as etapas que o relógio controlou e a história regista, são de tal modo graves que (...) devem constar dos manuais escolares e das teses superiores sobre o Desporto, como crime contra a humanidade, pela decepção imensa e pelo aniquilamento da modalidade onde tudo correu e pela descredibilidade que "lan(ç)ou" a todas as outras. Um jovem ciclista, iniciado, amador, que alguma vez pensou ter visto em Lance Amstrong um ídolo, um super-herói, que outra coisa verá hoje nele, após a descoberta da megafraude, senão um criminoso no luxo sustentado? Em cima de que moral assentam os títulos, a sua obra e a sua fundação, que colhe proventos milionários, mas que afinal se ergueram em sucessivos atentados à verdade e à saúde? Que cancro desportivo constitui o americano, e para o ciclismo em especial, enquanto festejou títulos desde os Campos Elísios até às olímpíadas, que os media cobriram e espalharam pelo mundo? Que devemos pensar, nós, quando nos espalhamos também, ao longo das estradas, e os aplaudimos, vibramos, os incentivamos à vitória, que deve ser alcançada só através do esforço, do querer, da vontade de superar a dor que o corpo e a mente preparada aguenta, sem truques nem fantasias, sem drogas que só dão alucinação do êxito, que nos faz cair do cavalo, da bicicleta, do pódio, que falsamente conquistamos, e que tem o condão de fazer de nós adeptos maravilhados, sem equipa nem cor, já que somos admiradores de todos, desde o primeiro ao último classificado? Quem está capaz e autorizado a acalmar estas tristes interrogações, surgidas de um pelotão de resultados, que alteraram para sempre a classificação geral das etapas e das voltas que a vida nos prega até à meta, a que cada um se propôs atingir com honestidade nas áreas diversas? A partir de agora, não mais fará sentido nem ânimo bater-lhes palmas, nem colar o poster da coroação perto de nós.

Joaquim A. Moura,

Penafiel

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