"Hoje são as televisões que mandam no futebol. Ainda bem"

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Eusébio com o avançado alemão Gerd Muller, quando recebeu a Bota de Ouro, em 1973 NUNO FERRARI

Eusébio revisita o seu passado, desde os anos em que ia a pé treinar para o Estádio da Luz, até ao presente, em que muda de canal quando as coisas correm mal ao Benfica. Sem esquecer o cherne à Eusébio, que inventou Por Miguel Esteves Cardoso

Aprimeira coisa que se sente quando se fala com Eusébio é que ele já sabe, há muito tempo, qualquer coisa que ainda não aprendemos.

É imune à bajulação. Só responde ao sentimento. Os meus nervosos tiques de idolatria deixaram-no indiferente. Embaraçaram-no. Mas quando a Maria João, que fez a entrevista comigo, lhe disse que a mãe dela e que toda a família, todos, mandavam melhoras e beijinhos, ele emocionou-se.

Não se acredita que ele esteve há pouco tempo internado com uma pneumonia. Nem que tenha 70 anos de idade. Tem a energia física e mental de um homem novo. É esta a melhor notícia de todas. É espantoso.

É impossível entrevistar um ídolo nosso. Apenas se assiste ao que ele diz. Ainda hoje não acredito que lá estive. Eusébio, felizmente, fala pelos cotovelos. Muda de tema e de velocidade com a mesma facilidade e elegância com que jogava futebol.

Não nos faz lembrar nada. É ele próprio a lembrança. Vive o presente com o mesmo amor que vive o passado. Ele sabe muito. Sempre soube muito. Não pode é dizer tudo de uma vez. São coisas a mais.

Tenho aqui uma pergunta de um leitor: é verdade que mesmo durante os jogos chamava senhor ao Coluna? Gritava "Coluna, passa a bola!" ou era sempre "sr. Coluna"?

Era sempre sr. Coluna.

Mesmo no calor do futebol?

Mesmo no calor do futebol. Não era capaz de dizer "Coluna".Nunca. Ele é que, quando jogava dizia "estás à vontade, Eusébio, nada de senhor". Mas pronto, eu é que me habituei àquilo. Não era só ele. Quando chamava pelo nosso capitão, o falecido José Águas, também era senhor. O Germano, senhor. O José Augusto também. Todos, com base na idade, tratava-os sempre por senhor.

Hoje em dia já não há esse respeito.

Ah, já não existe. Quando estávamos num estágio à hora do almoço, só nos sentávamos quando se sentava o treinador. Depois ainda tinha de vir o capitão e o segundo-capitão, que era o Coluna. E quando acabávamos de comer, não nos levantávamos. Tinham que se levantar eles primeiro. Hoje já não é assim.

Isso fazia com que vocês fossem mais uma equipa.

Ora bem. Hoje já não existe.

Acha impossível voltar a haver esse tipo de futebol?

É difícil, é muito difícil. O futebol hoje é mais à base da televisão, do comércio, do dinheiro. As televisões é que mandam. E ainda bem.

Ainda bem?

Ainda bem. São os jogadores que dão o espectáculo. Hoje exigem mais algum. E são pagos. Graças a Deus, hoje em dia não é preciso trabalhar 20 anos. Se trabalhar cinco ou dez anos, já se pode ter uma reforma espectacular.

Toda a gente quer saber qual é, para si, o melhor futebolista de sempre.

O mais completo da história do futebol é o Dom Alfredo Di Stéfano.

No Mundial de 1966, quando o Eusébio chorou, nós estávamos a ver o jogo e ficámos contra a selecção inglesa para o resto da vida. Incluindo a minha mãe, que é inglesa. Quando chorou, era uma coisa sentida e as pessoas sentiram. Hoje já não há isso. Foi porque chorou em vez de zangar-se?

Chorei porque foi de repente. O Otto Glória (treinador) e o Manuel da Luz Afonso (seleccionador), os dois já falecidos, davam sempre uma palestra no fim do treino. E, nessa semana, o Otto Glória disse: "Estou a sonhar que vamos ser campeões." E eu dizia: "Sr. Otto, não é sonhar, é que vamos ser campeões mesmo!" Acreditava mesmo. Nós estávamos tão bem em Liverpool a fazer o estágio, a recuperar do jogo contra a Coreia, depois daquele esforço de estar a perder 3-0 e ganhar 5-3. Que viessem os ingleses! "Vamos "matar" os ingleses na terra dos Beatles!" [risota geral]. Só à última hora é que recebemos a má notícia: o jogo tinha mudado de Liverpool para Londres. Mas como? De repente, temos que arrumar as coisas e apanhar o autocarro e o comboio para Londres...

Ainda acreditava que iam ganhar?

Ainda. Eu, nesse choro, quando acabou o jogo, olhei para o céu e perguntei: "Que mal é que eu fiz, meu Deus, para merecer isto?" E vieram-me logo as lágrimas.

Os ingleses foram espertos.

Muito espertos. Estavam com medo porque, se vêm jogar a Liverpool, ganhávamos nós. Em Londres era muito difícil ganhar. Aquela desorientação dos jogadores, por causa da mudança à última hora, é que deu cabo da nossa selecção.

Como é que consegue ter tantos amigos, verdadeiros amigos? Como é que consegue manter ao longo da vida essas amizades?

Dali do Benfica praticamente jogámos dez anos juntos. Eu e o Simões, começámos juntos. Os solteiros viviam no lar do Benfica mais uns quatro ou cinco jogadores do Norte que eram juniores do Benfica e estavam a estudar cá. Juntámo-nos todos ali. O lar de Benfica foi do melhor! [risos]

Mas não se sentia preso?

Não, não, não. Era bom porque nós estávamos todos os dias a pensar no futebol, íamos treinar juntos. Descíamos a Calçada do Tojal a pé, apanhávamos o eléctrico...

O eléctrico?!

É, o eléctrico. Parava ali na esquina e íamos a pé até ao antigo Estádio da Luz. E antigamente não havia a Segunda Circular. Eram atalhos. E então nós íamos a pé. De vez em quando, apareciam os casados que também iam treinar. O José Augusto, o Coluna e o próprio José Águas. Tinham carro e davam-nos boleia, só dali até ali. Uns poucos metros. Era giro. Podiam seguir em frente. Mas não, paravam sempre. "Querem uma boleia?" E nós: "Ah, Sr. Augusto pode ir, vá andando que nós estamos bem..." [risos] Mas, às vezes, aproveitávamos.

Eles inham sempre essa cortesia?

Sempre, sempre.

Não se achavam superiores por serem casados?

Não, não.

Vocês não iam porque faziam cerimónia ou porque queriam ir ali a brincar?

De vez em quando era porque, "ah, ele é casado e depois nós vamos maçar..."[risos]. O giro, giro, é que os jogadores do Benfica, principalmente os solteiros, eram tratados como calhava. O Béla Guttmann, que era o treinador, nunca me tratou por Eusébio. Eusébio não: menino [risos]. O menino para cá, o menino para lá.

Mas ele levava-o sempre, antes de pô-lo a jogar?

Era o único que ia. Porque ele dizia: "Vai vendo, vai vendo". Eu dizia: "Ó mister, eu gosto muito de jogar à bola, estou a ver, mas eu quero é jogar à bola". Eu queria é que o Benfica ganhasse logo.

Ainda se lembra dessa frustração de não o deixarem jogar?

Claro. Eu dizia aos meus colegas: "Malta, eu, quando começar a jogar... " E eles olhavam uns para os outros. "Mas o que é que tu queres dizer com isso?", perguntavam. E eu respondia: "Quando começar a jogar, passo-vos. É tão fácil." Mas eu pedia a eles: não digam nada a ninguém, não digam nada aos mais velhos. Para não dizerem nada ao Coluna, não dizerem nada ao Zé Águas. Eu sabia: se pegar na bola, aquele ali é muito lento, não tem hipóteses comigo. Via o defesa-esquerdo da equipa adversária e sabia que não tinha hipótese. Ele já com 30 e tal anos e eu a começar, não é? Eu levantava a bola, fazia um chapéu de três metros e ia apanhar a bola no outro lado. Quando ele virava, eu já estava a cruzar ou a entrar. Mas tive de esperar.

Quanto tempo?

Foi pouco. Eu não fui campeão europeu à primeira. Estive três meses sem jogar (Janeiro, Fevereiro e Março). Já não tinha vontade de ficar, por causa do frio. Quem me aguentou foi o sr. Mário Coluna. Falava ao telefone com a minha mãe e eu não sabia. Quando eu falava com ela, eu dizia "ó mãe, não percebe nada de futebol e agora já está a dizer não sei quê". Era o Coluna que a informava. E, pronto, fui-me aguentando.

Dos prazeres do garfo

O que é que almoçou hoje?

Hoje, comi cherne, gosto muito.

O célebre "cherne à Eusébio"?

Foi.

Sabe cozinhar?

Não digo que sou um bom cozinheiro, mas sei cozinhar e sou um bom garfo.

Como é o cherne à Eusébio?

É cherne com o molho da caldeirada. Tiram-se só duas ou três conchas e depois fazem-se as batatas no outro lado, cebola, tomate e tudo, depois deixa um bocadinho a apanhar o gosto. É bom.

Quem é que inventou esse prato?

Eu.

Ah, isto é sua invenção?

A Flora é uma boa cozinheira. Então, de vez em quando, quando estava com o problema do joelho, ficava em casa a vê-la cozinhar e foi assim que fui aprendendo umas coisas.

Lembra-se da cozinha da sua mãe? Lembra-se do que ela cozinhava?

Tínhamos a cozinha lá no quintal. A minha mãe era uma boa cozinheira.

O que é que ela cozinhava? O que é que ela fazia?

Cozinhava para oito filhos. Aos domingos, para juntar a família toda, fazia cabrito ou fazia o caril, que era caril de galinha ou caril de camarão com caranguejo, misturado com arroz branco, aquele arroz branco que conta, todo separadinho.

As belas gambas de Moçambique...

A propósito do camarão e de marisco, tenho de falar de uma brincadeira que os Parodiantes de Lisboa inventaram. Eu estava no estúdio deles, no prédio do Vavá, lá na Avenida de Roma e, quando estamos a falar do camarão da minha terra, um deles disse que o marisco dos portugueses era o tremoço. Até achei graça. Mas depois, como eu sou conhecido, começaram a dizer que eu é que tinha falado no tremoço. Eles eram malucos. Eu nasci mesmo ali ao pé do mar e do camarão. Eles nem sabiam o que era o camarão de Moçambique.

Era uma piada de mau gosto.

Na altura, não liguei. Mas em termos de gozo, não admitia Houve quem entrasse num bar e dissesse: "Traga-me o camarão ou o marisco do preto". Eles nunca chamavam Eusébio, era "o preto". Aí eu dizia: "Ouve lá, sabes quem é o preto? Sabes quem é o preto?" Quando estavam a olhar, era logo, pumba [faz gesto de murro e desatamos todos a rir]. Ainda parti alguns narizes porque eu não tinha medo de andar à tareia.

O que é que comia no Canadá e nos Estados Unidos, quando lá esteve a jogar?

Quando fui para a América, não levei logo a minha mulher.Nos primeiros dias comi na casa do meu amigo Tony Frias, hoje comendador, um benfiquista. Comia bife, comia bom peixe também. Só que os americanos, o bom deitam fora. A cabeça do peixe, deitam fora. Ou então vais comprar o camarão, eles cortam a cabeça e deitam fora [risos]. Isso é o melhor. Eu dizia: "Eu levo isso" [risos]. Então levava as cabeças, cozinhava e comia.

O Eusébio hoje está bem- disposto.

É que hoje faz anos a Carla, a minha filha mais velha. Hoje estou contente porque calha uma quarta-feira. Ela faz hoje 45 anos.

Ela nasceu numa quarta-feira?

Uma quarta-feira... 14 de Março de 1967. Mundial [66]..., 67... sim.

Disse "Mundial" quando estava a calcular o tempo. Pensa sempre no tempo ligado aos jogos?

Não. Mas desta vez, por acaso, foi giro. Eu estava a descansar com o Simões no estágio, no Vale dos Lobos, e às 15h15 toca o telefone, Mas quando nós estávamos nos quartos não podíamos atender o telefone. O treinador não deixava. E então estávamos ali e eu não estava com disposição. De um momento para o outro estão a dizer-me para ir receber uma chamada. E então a moça diz: "Sr. Eusébio, olhe, um momento..." E estava a minha prima: "Eusébio..." E eu: "Então o que é que há?" "Olha, os meus parabéns!" E eu: "Parabéns? Não me digas, já nasceu? Mas como é que está? Nasceu bem?" "Nasceu bem, com 3,600kg". E a minha prima perguntou: "Não queres saber se é...?" "Não quero saber nada, só quero saber se está bem ou não". Afinal, era uma menina. "Contavas que fosse um rapaz, não?" Eu não. Porque era pai pela primeira vez. E depois à noite, jantámos e eu disse ao sr. Otto Gloria: "Hoje estou feliz, vamos ganhar. Ninguém me vai agarrar".

Quando estava feliz jogava melhor?

Era, não tinha hipótese. Eu acordava de manhã e já sabia. Até hoje, o Benfica está a jogar e sei. Quando foi o jogo com o FC Porto [para a I Liga, no Estádio da Luz] falei com o presidente e disse-lhe: "Sr. presidente eu hoje não vou porque não vamos ganhar".

Quando não está feliz, não...

Não. Não vou. Vou ver na televisão em casa. Sabes porquê? Porque não me vou enervar. Se as coisas correrem mal, eu mudo de canal e vou ver um filme [risos]. O médico disse-me: "Tu enervas-te tanto - mas quando jogavas estavas bem." "Obrigado, dr., quando eu jogava, jogava." Era eu que decidia e que dizia aos meus colegas: "Hoje vamos acabar com o jogo."

Quando está a ver, não pode fazer nada.

Nada.

Isso é frustrante para um jogador...

Mas como estou mais ligado aos jogadores, ao Benfica, às vezes fico. Por exemplo, este último jogo com os russos [do Zenit, para a Liga dos Campeões], vi o jogo todo. Até à mulher disse logo: "Hoje estou com fé que vamos ganhar. Agora não saio daqui, não mudo o canal nem nada". E foi, graças a Deus, foi. Só que depois quando é 1-0 e tu estás sempre ali a olhar e não acaba, parece que o relógio está parado. Depois, quando o miúdo [Nélson Oliveira] marcou o segundo golo...

E no campo também se sente o relógio?

No campo, como espectador, levanto-me e vou-me embora para casa. Não digo nada a ninguém. Levanto-me e muita gente já sabe que pronto, vou. É para não ficar nervoso.

Da família e dos amigos

Quantos irmãos tem?

Infelizmente agora já só tenho uma irmã e um irmão. Já sou o mais velho. Eu tinha três mais velhos.

E jogavam à bola consigo?

O meu falecido irmão mais velho jogava a defesa-esquerdo, mas lá, em Moçambique. O Gilberto ainda jogou aqui no Benfica. Ainda o trouxe. Jogou nos juniores. Foi campeão aqui no Benfica e depois foi-se embora.

Ainda foi profissional?

Foi. Entrou na tropa. Era oficial mas depois voltou para lá, para Moçambique. Ali é que desgraçou a vida, porque aquela gente toma a juventude lá. Gasta-se. É como aqui, mas mais ainda, porque bebem coisas muito fortes.

Usam alambiques artesanais.

Isso mesmo. Rebenta com o fígado, com tudo. Aliás, eu dizia-lhe sempre: "Tu podes vir aqui, tens aqui amigos e vens aqui." Ele veio uma vez fazer a operação. Depois o dr. Vieira da Fonseca até disse que ele ficava bom se ficasse cá. Mas não quis. Recuperou e foi-se embora. Eu não pude fazer nada. Ele queria voltar, olha, voltou. Foi pena.

Era uma família feliz?

Era, era. O meu pai, que era branco, viveu em Malanje e depois foi transferido para Moçambique, onde foi conhecer uma preta, bonita. Casaram-se e nascemos oito filhos. Lá não tinha televisão em casa. Lá na África há sempre essa piada. Quando tem muitos filhos dizem logo: "Eles não têm televisão em casa."

De Portugal e do Porto

Porque é que os portugueses são mais tristes do que os moçambicanos?

É a maneira de estar.

O Eusébio é mais alegre.

Às vezes também fico um bocado...

Também fica triste?

Fico, um bocado [risos]. É natural.

Tenho aqui umas perguntas de leitores do Porto, nenhum dos quais do Benfica. Por exemplo: o que é que mais gosta no Porto?

Gosto daquela gente. E da comida também. E na altura, no meu tempo de jogador da bola, para comprar roupa, era lá. Nunca comprava aqui. Era barata e boa.

Prefere comer tripas, francesinhas ou bacalhau à Gomes de Sá? Se tivesse de escolher entre os três pratos, qual é que escolhia?

Como sou um bom garfo, como tudo.

Esta pergunta é provocatória: gostava de ter no Benfica, como presidente, o Jorge Nuno Pinto da Costa?

No meu clube, está bem quem lá está como presidente. Mas respeito o Pinto da Costa no FC Porto. Sou muito amigo dele.

Agora duas perguntas que eu recebi de crianças que me escreveram. O que é que é isto do Eusébio com as crianças? Tem um neto e uma neta com três e cinco anos, não é?

Eu adoro as crianças. Também fui uma criança, não é? E no meu tempo não era como hoje. Hoje ainda é melhor porque, graças a Deus, tenho netos, um casal: a Maria tem cinco e o Panterinha tem sete. Eu chamo-o Panterinha, mas fui eu que o chamei Panterinha.

Ele joga?

Joga, na escolinha do Benfica.

Herdou a sua magia?

Neste momento não posso dizer nada. Quando falamos ao telefone ou está em casa, ele está sempre: "Ó avô, como é?" E eu digo: "É Estudar. Estudar!" Depois, fico calado. E volto a dizer: "Estudar" "Estudar" dez vezes. E depois de chegar às dez vezes, aí já começo a pensar se vale a pena ele ir buscar algum dinheiro [risos] e ajudar os pais - e o avô, se ainda viver nesse mundo. Mas ele é bom na escola, é muito estudioso.

Como é que se chama o Panterinha?

Pedro.

Uma pergunta de um leitor de 12 anos: se o Eusébio não fosse futebolista, o que é que gostaria de ter sido?

Futebolista.

Mesmo um mau futebolista?

Sim, futebolista sempre. Isso é uma boa pergunta, mas esta é uma boa resposta também.

Outro leitor de cinco anos pergunta como é que se sentiu quando ganhou a primeira bota de ouro?

A primeira bota é uma satisfação - mas não é muito. Não é como o prémio de melhor jogador do mundo ou o prémio do melhor marcador do mundo.

E se não pudesse mesmo ser futebolista?

Se eu não fosse jogador da bola, era o maior bailarino do mundo. Na Broadway. Fui jogar para os Estados Unidos. Toca uma música e eu começo logo a entrar no ritmo e pronto e no futebol era a mesma coisa. E depois eu era um papagaio, falava muito. Eu estava dentro do campo, mas a falar com os meus colegas: "cuidado!" Parece que era o treinador ali dentro. Até para os mais velhos. E vivia isso.

Era o que sentia quem o via jogar.

Aliás, já há muita gente que pergunta: "Por que é que tu não escolheste ser treinador?" Não, treinador, só para os miúdos. Para ensinar porque eles vão ouvir aquilo que estou a dizer. Agora não me quero chatear com ninguém. Se eu, como treinador, fosse dizer coisas a um profissional e ele me respondesse, levava um murro, não tenhas dúvidas.

Muito obrigado por esta conversa maravilhosa.
 

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