Governo espanhol desvaloriza subida dos juros da dívida

Renegociação na Grécia e eleições na Finlândia pressionam mercados

O Governo espanhol desvalorizou ontem a recente escalada dos juros da dívida pública do país, dizendo que são as eleições na Finlândia e as declarações da Alemanha sobre a possibilidade de a Grécia reestruturar a dívida que estão a perturbar os mercados.

"O juro começou a subir na quinta-feira passada, coincidindo com umas declarações sobre a possibilidade de se reestruturar a dívida grega [feitas pelo ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble] e com as eleições deste fim-de-semana na Finlândia", disse ontem a ministra da Economia espanhola, Elena Salgado (na foto), em entrevista à rádio Cadena Ser.

O partido Verdadeiros Finlandeses, que se afirmou no domingo como a terceira força política da Finlândia, é contra o apoio financeiro a Portugal e, a agravar o cenário, o ministro alemão Wolfgang Schäuble admitiu, na semana passada, que a Grécia pode ter de reestruturar a sua dívida, se uma auditoria às contas públicas, que será realizada pelas autoridades europeias e pelo FMI em Junho, puser em causa a capacidade do país para pagar aos credores. O Governo grego e as autoridades europeias apressaram-se a negar esta informação, mas os mercados tomaram nota, pressionando os juros da dívida espanhola. Nos últimos dias, as taxas de juro dos títulos espanhóis a dez anos têm estado a subir, passando os 5,5%.

A ministra da Economia espanhola fez ontem questão de realçar que não foram só os juros da dívida espanhola a subir (a Bélgica também viu aumentar os juros no mercado secundário) e que isso não afecta os fundamentos da economia, ou põe em causa a confiança no país. "Temos melhorado a nossa imagem nos mercados nos últimos meses, devido às reformas que temos feito, e este também vai ser um trimestre de reformas", afirmou Elena Salgado.

Hoje, a Espanha vai emitir entre 2500 e 3500 milhões de euros em dívida, que vence em Janeiro de 2024. O país, que parecia ter-se distanciado definitivamente dos chamados "países periféricos do euro" (Grécia, Irlanda e Portugal), voltou agora a estar na mira dos mercados, intensificando-se os receios de que uma das maiores economias europeias também seja forçada a pedir ajuda. A.R.F.

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