Portas defende nova AD, PSD fica em silêncio

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Portas prefere uma aliança pré-eleitoral mas já viu que não é viável daniel rocha

Na moção que apresenta ao congresso, o líder do CDS afirma que só apresentará moção de censura se tiver garantia de que irá derrubar o Governo

Paulo Portas pôs as cartas na mesa: defende um entendimento pré-eleitoral com o PSD como a melhor solução para construir uma alternativa ao Governo PS. O líder do CDS, ao mesmo tempo que lança o desafio para uma nova AD, dá a resposta e reconhece que o PSD deu sinais de estar indisponível. Pelos sociais-democratas, a reacção oficial à declaração de Portas foi o silêncio. Mas um dirigente social-democrata comentou: "Ele próprio deu a resposta à pergunta que fez". Coligações eleitorais, sim, mas só depois de eleições.

A abertura para um entendimento pré-eleitoral com o PSD é a proposta que Paulo Portas faz no documento de orientação política enquanto candidato à liderança do partido, apresentada ontem, na sede do partido. O actual líder e candidato às eleições de 12 de Fevereiro defende que uma "alternativa credível" ao PS "só pode nascer de um esforço conjunto CDS-PSD", tendo em conta a situação financeira grave do país". Esse esforço, acrescenta, poderia ser materializado num "movimento político novo que não substituísse os partidos mas unisse forças". Um movimento com PSD e CDS aberto também a personalidades independentes que não quis nomear.

Esse movimento "devia passar por um entendimento aprofundado sobre as principais políticas públicas, sector a sector, sobre o país". E, segundo Portas, "seria natural que se apresentasse às próximas eleições com listas conjuntas para um governo maioritário mas pequeno". O líder do CDS reconhece, no entanto, que "o PSD não partilha desta ideia", pelas declarações que leu do presidente e de dirigentes sociais-democratas. Questionado sobre se falou com Passos Coelho sobre o assunto, recusou referir-se a conversas privadas.

Na moção, com 33 páginas, Portas regista que a disponibilidade do PSD para um entendimento "é só para depois" das eleições. Por isso, justifica, o CDS não faz uma proposta de aliança. Já em cenário pós-eleitoral, diz apenas que as condições para negociar um entendimento "são diferentes" da anterior coligação com o PSD em 2002.

Com a rejeição do PSD assimilada, o líder centrista define o caminho do partido: "O CDS tem liberdade estratégica total e tem como objectivo aumentar a sua força política". Ou seja, os centristas ficam mais livres para fazer uma campanha mais agressiva em relação ao PSD para salientar as diferenças entre os dois partidos.

Portas também clarificou a sua estratégia sobre moções de censura: o CDS só apresentará este cartão vermelho ao Governo se tiver consequências - a demissão - mas "não dificultará" a aprovação de uma iniciativa deste género vinda de qualquer bancada.

No documento, o líder dos centristas defende ainda a separação entre os cargos partidários e os cargos políticos. Nesse sentido, irá propor a criação de um novo cargo directivo na liderança do CDS se vier a ser chamado para funções governativas. Essa alteração aos estatutos será proposta no congresso do partido, a 20 e 21 de Março, em Viseu.

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