Cavaco e Nobre com excedentes, Alegre e Lopes aquém do previsto

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Cavaco Silva vai receber 1,9 milhões de euros Nuno Ferreira Santos

Manuel Alegre vai receber um valor menor de subvenção estatal do que tinha previsto, devido aos resultados que obteve no domingo. O mesmo acontece com Francisco Lopes, mas Cavaco Silva e Fernando Nobre obtiveram um número de votos que lhes confere um apoio orçamental superior ao estimado.

O Estado atribuiu às candidaturas uma subvenção que contribui para o financiamento das campanhas, que, no caso das eleições presidenciais, tem um valor total de 3,83 milhões de euros. O valor atribuído a cada candidatura é calculado consoante os resultados obtidos nas eleições, mas só os candidatos com pelo menos cinco por cento dos votos têm direito a subvenção. Por isso, José Manuel Coelho e Defensor Moura não vão receber apoios do Estado.

Dada a impossibilidade de obter resposta da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos relativamente à fórmula correcta para o cálculo das subvenções, que está indicado na lei como sendo a distribuição "na proporção dos resultados eleitorais obtidos" sem clarificar se a proporção é calculada sobre os resultados eleitorais totais ou apenas os resultados dos candidatos com direito a subvenção, o PÚBLICO fez os cálculos com base na segunda hipótese e chegou aos valores seguintes, arredondados aos milhares: a candidatura de Manuel Alegre, que tinha calculado 1,35 milhões de euros de subvenção estatal no orçamento de campanha, vai receber apenas 836 mil euros, menos 514 mil euros que o previsto. Este buraco talvez possa não ser assim tão significativo, uma vez que o orçamento estimava um valor de receitas superior em 260 mil euros ao das despesas.

Francisco Lopes receberá 87 mil euros a menos que o estimado pela candidatura.

Pelo contrário, Fernando Nobre e Cavaco Silva não apenas conseguiram reunir os votos suficientes para receberem o valor previsto, como o ultrapassaram. O valor calculado para Cavaco é de 1,9 milhões, o que dá um excedente de 339 mil euros relativamente aos 1,57 milhões previstos. Nobre consegue uma subvenção de 652 mil euros e tinha estimado apenas 511 mil euros no orçamento.

A candidatura de Nobre disse ainda não ter decidido o destino a dar ao montante excedente, uma vez que "ainda não fizeram as contas" e "ainda está tudo em aberto".

No entanto, esse montante não deverá ficar para Nobre. A nova lei do financiamento dos partidos e campanhas eleitorais explicita que o eventual excedente "reverte para o Estado". Porém, ao indicar apenas que "a subvenção não pode, em qualquer caso, ultrapassar o valor das despesas efectivamente realizadas" e retirar a parte que se seguia na lei anterior - "deduzido do montante contabilizado como proveniente de acções de angariação de fundos" - não deixa claro que a subvenção não pode ultrapassar a diferença entre a despesa e o montante angariado junto de privados e não apenas o valor total da despesa.

Luís Montenegro, coordenador do PSD do grupo de trabalho para a lei do financiamento dos partidos e campanhas eleitorais, garante que "a lei é clara" e "as campanhas não podem dar lucros", portanto "não pode haver excedentes".

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