Um Sarkozy ponderado tenta reconquistar os franceses

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A entrevista televisiva era a oportunidade para ganhar novo balanço ERIC GAILLARD/REUTERS

Numa entrevista televisiva, o Presidente francês apresentou uma nova imagem, para lançar o Governo remodelado

Um Sarkozy ponderado e consensual, o líder inspirador de um Governo renovado cujo lema passa a ser "um por todos, e todos por um". Foi assim que o Presidente francês tentou apresentar-se numa entrevista transmitida em directo por vários canais de televisão, e na primeira reunião do Conselho de Ministros após a remodelação governamental do fim-de-semana. A oposição, no entanto, fala de um Presidente "sem bússola", e "alheado da realidade".

O lema inspirado em Alexandre Dumas foi anunciado por François Baroin, o novo porta-voz do Governo ontem, após o Conselho de Ministros: A divisa de Os Três Mosqueteiros "é o novo mapa de estradas político".

Com as sondagens a darem-lhe a popularidade mais baixa de sempre - algumas abaixo de 30 por cento -, a entrevista de terça-feira à noite era a oportunidade para ganhar novo balanço, para se reinventar até para uma recandidatura às presidenciais de 2012, na qual não é dado sequer como o candidato preferido da direita.

Muito criticado pela hiperactividade, Sarkozy surgiu nos ecrãs com um tom mais sóbrio, debitando números. "Quando as coisas não funcionam, tento mudar. Sou determinado, mas tento não ser teimoso", disse, ao perguntarem-lhe se ia mudar de estilo.

Do "barroco ao clássico"

Os jornais de ontem tiveram um dia em grande com esta mudança: "Após a remodelação ministerial, a remodelação pessoal", titulava o République des Pyrénées. Uma mudança de estilo como uma passagem do "barroco ao clássico", ironizava o Libération.

O Presidente "quis apaziguar os ânimos, renovar a sua relação com o país e restaurar a liderança na maioria", comentou à AFP o politólogo Stéphane Rozès. Mas sobre se deseja recandidatar-se, disse que só se pronunciará lá "para o Outono de 2011".

Entretanto, justificou a marcha-atrás na política da identidade nacional, que desapareceu como ministério, por ter "suscitado mal-entendidos". Mas garantiu que continuará a "regulação dos fluxos migratórios" e defendeu a política em relação aos ciganos.

Sobre a reforma do sistema de pensões, falou apenas na necessidade de diálogo, e tentou transmitir confiança: "Saibam que há dinheiro para pagar as vossas reformas. Em 2020, o regime será excedentário."

Para a oposição, a mensagem que passou foi a de um líder "hesitante e sem norte", nas palavras de Martine Aubry", líder do PS. Dominique de Villepin, da mesma área política que Sarkozy, falou do "espectáculo penoso de um político incapaz de responder às preocupações dos franceses".

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