Antigo teatro da alta-roda em Sete Rios transforma-se em auditório

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Antevisão do novo espaço que está a ser erguido junto ao Jardim Zoológico Gonçalo Byrne Arquitectos / Patrícia Barbas e Diogo Lopes Arquitectos

Projecto de Gonçalo Byrne aprovado pelo Instituto do Património prevê que edifício arruinado do séc. XIX seja recoberto de betão

O Ministério da Ciência e Ensino Superior está a transformar um antigo teatro da Estrada das Laranjeiras, junto ao Jardim Zoológico, num auditório destinado a conferências, seminários e espectáculos.

A obra, que começou em Maio e deverá prolongar-se até ao final do ano que vem, vai custar 2,66 milhões de euros mais IVA. Obedece a um projecto de Gonçalo Byrne, em parceria com o atelier de arquitectura de Patrícia Barbas e Diogo Lopes, estando previsto que o edifício arruinado do séc. XIX seja recoberto por uma "pele de betão" pintada de amarelo e envolvido por um pavilhão transparente mais baixo do que o velho teatro.

As velhas paredes de pedra e tijolo ficarão à vista apenas no interior do edifício, naquilo que constitui, segundo a memória descritiva do projecto, a preservação do valor patrimonial da ruína. "A qualidade do projecto e do seu autor mereceram o parecer favorável do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico e da Câmara de Lisboa", esclarece uma nota informativa do Ministério da Ciência.

"Será um monólito de betão", descreve Patrícia Barbas, explicando que o telhado, há muito derrubado, será também feito neste material. A memória descritiva justifica esta opção por razões de segurança: "O risco de colapso da estrutura existente, a necessidade de voltar a construir as coberturas e principalmente a vontade de manter intacta a ruína pelo seu interior (...) reduziram as possibilidades de consolidação da construção". Também por isso, a obra está a ser acompanhada pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

O Ministério da Ciência salienta que a "nova imagem urbana" do Teatro Thalia é marcada "pela conservação e restauro dos volumes correspondentes aos espaços cénicos primitivos - foyer, plateia e cena", que serão rodeados pelo novo edifício em vidro, no qual funcionarão serviços de apoio ao auditório, além de uma cafetaria com ligação directa ao jardim adjacente. Em curso estão neste momento demolições de construções anexas ao teatro, "de carácter provisório e traça modesta".

A reabilitação desta sala de espectáculos frequentada pela corte e pela nobreza lisboeta do século XIX era há muito reivindicada pelo movimento cívico Fórum Cidadania, que recentemente sugeriu que ali fosse instalado o Museu da Música. "Poderia albergar um sem-número de actividades culturais, a começar por teatro infantil ou de marionetas, à semelhança de Salzburgo", defendeu antes disso o movimento, que pediu anteontem esclarecimentos a várias entidades sobre as demolições que estão a ser feitas.

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