Putin visita Paris com assuntos presidenciais na agenda

Primeiro-ministro russo esteve com o Presidente francês e não se limitou
a discutir economia

a O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, iniciou ontem uma visita de dois dias a Paris - a primeira em direcção ao Ocidente desde que dei-xou o Kremlin - com a energia a ocu-
par o topo das conversações, a par de questões estratégicas como a parceria entre a Rússia e a União Europeia (UE) e a NATO. E alguns desvios ao protocolo habitual a sinalizarem o peso preponderante que o ex-Presidente russo continua a exercer na definição da política externa de Moscovo.
Ao fim de uma hora de reunião com o homólogo francês, François Fillon - onde se debateu a cooperação na esfera da energia, mercado em que a Rússia se posiciona como segundo maior produtor mundial de petróleo e primeiro de gás natural -, Putin seguiu para um prolongado "jantar de trabalho" com o Presidente, Nicolas Sarkozy, no Eliseu, honra raramente dada a um chefe de Governo de um país estrangeiro.
"Todos percebem que Putin não é um mero primeiro-ministro", observava fonte diplomática francesa ontem ao diário russo Kommersant, precisando que a visita de Putin causou "alguma agitação" no Ministério dos Negócios Estrangeiros em Paris.
A agenda das conversações, de res-
to, vai bem mais além daquilo a que
normalmente se confinava a acção
dos chefes de Governo russos durante a presidência de Vladimir Pu-
tin (2000-2008), sublinhava o Kommersant: "Nesta visita a Paris como primeiro-ministro, Vladimir Putin vai tratar de assuntos de envergadura presidencial".
Fontes governamentais russas precisaram à agência noticiosa Interfax que será discutido o projecto de ex-
pansão para a Europa Central do sis-
tema norte-americano de defesa an-
timíssil - a que Moscovo se opõe fe-
rozmente - e o prometido alargamento da NATO, sem data definida, à Ucrânia e à Geórgia, que a Rússia vê como um avanço para territórios sob a sua influência.
Não menos arredadas da agenda estão as iminentes negociações de um novo acordo de parceria e cooperação entre a Rússia e a UE. A França, na qualidade de país presidente do bloco dos Vinte e Sete no segundo semestre de 2008, irá supervisionar o arranque dessas conversações - depois do primeiro passo a ser dado na cimeira UE-Rússia, no final de Junho na Sibéria, ao fim de mais de 18 meses de bloqueio levantado pela Polónia e pela Lituânia. Putin gostaria de as-
segurar desde já ter em Paris um aliado privilegiado no seio da Europa para melhorar as tensas relações de Moscovo com a UE.
Putin está em França para tentar garantir um aliado privilegiado e melhorar as tensas relações com a UE

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