Parques de estacionamento vazios junto às estações da Linha de Sintra

Os parques de estacionamento das estações ferroviárias de Sintra estão quase vazios e o IC-19 continua cheio de automóveis cujos donos se recusam a pagar para estacionar, apesar de ficar mais barato vir de comboio para Lisboa.Quer por considerarem caro o estacionamento, quer por comodismo ou mera rotina, a maioria dos moradores continua a preferir circular - mesmo às horas de ponta - naquela que é já considerada uma das vias mais congestionadas da Europa e não pagar os parques, que a Lusa encontrou cheios de lugares completamente vazios.Eram cerca das 11h15 de um dia de semana quando a Lusa se meteu ao IC-19 com paragens marcadas em vários parques, construídos pela REFER e concessionados pela empresa privada Emparque.Com 586 lugares, o parque de Queluz/Massamá tinha apenas 67 carros, dos quais só 14 pertenciam a assinantes, segundo fonte da empresa. Questionada pela Lusa, uma moradora disse que o facto de se gastar muito dinheiro nos vários parques e transportes da CP, Carris e Metro - cerca de 70 euros em passes ou assinaturas mensais - faz com que as pessoas evitem pôr o carro no parque e o levem para a cidade."Como vê, o parque está vazio, e olhe que nunca o vi encher. A questão é que um passe para todos os transportes, com parque incluído, custa uns 14 contos e as pessoas pensam que é muito caro, o que de facto até é. Mas mais caro ainda é levar o carro para Lisboa, porque se paga muito mais em gasolina, em parquímetros e até nos próprios parques da cidade, que são ainda mais caros", disse a residente Silvia.Argumentos que parecem não convencer a maior parte dos automobilistas, já que na sua ronda a Lusa constatou o mesmo estado de "desertificação" em quase todos os parques: no de Rio de Mouro, apenas 60 dos 211 lugares estavam ocupados; na Mercês, 20 carros estavam estacionados nos 204 lugares existentes; e no de Queluz/Belas (220 lugares), apesar de estar mais ocupado que os outros, também tinha dezenas de lugares vazios.Contudo, a contrastar com este cenário, imediatamente à saída dos parques um outro bem diferente pode ser observado, especialmente em Queluz/Massamá: carros estacionados em zonas proibidas, em cima dos passeios e de maneira desordenada e caótica."Com os preços sempre a subir, as pessoas preferem estacionar lá fora em zonas proibidas, onde não se paga nada. A polícia aparece às vezes, mas não as suficientes para as obrigar a estacionar nos parques", disse Silvia.Também em Rio de Mouro, um outro morador explicou que algumas pessoas levantam-se "muito mais cedo só para poder estacionar o carro perto do parque, e portanto da estação de comboios, em sítios livres e onde não pagam".Caro ou não, segundo uma fonte da Refer e outra da Emparque, "no ano passado houve uma campanha com preços mais baixos, mas que não teve adesão nenhuma"."Fizemos uma campanha sobre os preços dos parques em geral que até teve alguma visibilidade, mas não houve adesão nenhuma. Só foram vendidos meia dúzia de passes" disse Manuel Formosinho Sanchez, director-geral da Emparque.O responsável explicou que "não existe espaço para uma redução ainda maior dos preços, pois há custos associados que têm que ser pagos, como a iluminação e os equipamentos", sendo corroborado por Rui Reis, da Refer, segundo o qual "os preços praticados [máximo diário de 1,10 euros para utentes da CP] visam exclusivamente o custo de manutenção e vigilância". "Há pessoas que dão o mesmo a arrumadores em Lisboa", disse Rui Reis.Manuel Formosinho Sanchez vai mais longe: "se multiplicarmos 200 lugares (número ocupado estimado) de um parque por 1,10 euros, sem IVA, e pelos 22 dias úteis do mês, vemos que isso dá 4.067 euros ao fim do mês", disse. Para o responsável, na origem da "desertificação" está a possibilidade de se estacionar gratuitamente na periferia dos parques. "Esta questão tem a ver com as alternativas de estacionamento à borla na periferia dos parques. Nem com um custo de 50 cêntimos a situação se alterava", disse.

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