Ministério diz que a Sociedade Portuguesa de Química “errou” em parecer sobre exames

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A Sociedade Portuguesa de Química criticou uma questão do exame Enric Vives-Rubio

O Gabinete de Avaliação Educacional (Gave) do Ministério da Educação garante que a Sociedade Portuguesa de Química (SPQ) não tinha razão quando disse que uma das questões do exame nacional de Física e Química A, com o código 715, feito no dia 19, tinha um problema.

A SPQ tinha emitido um parecer, a 19 de Junho, sobre a prova e criticado a questão 1.5.1 da mesma. Pedia-se, nessa pergunta, que os alunos completassem uma frase que, segundo a SPQ, era cientificamente “bastante censurável”.

A frase completa era: “A energia de ionização do magnésio é superior à energia de ionização do sódio uma vez que, dado o aumento da carga nuclear ao longo do período, o raio atómico tem tendência a diminuir”.

A SPQ disse no parecer emitido nesse mesmo dia: “Esta frase, cientificamente, é bastante censurável porque, por um lado, faz depender o raio atómico exclusivamente da carga nuclear e, por outro, faz depender a variação da energia de ionização exclusivamente do raio atómico. Se é assim que é ensinado este assunto, seria desejável que fosse pura e simplesmente eliminado do programa. E é lamentável que um exame nacional dê cobertura a erros destes”.

Na sequência deste parecer que, segundo o Gave, “veicula informação incorrecta”, o organismo do ministério responsável pelos exames nacionais pediu ele próprio um parecer “à equipa de auditoria científica de Química da prova de Física e Química A”.

No seu “site”, esclarece agora o Gave que é correcto afirmar que “a energia de ionização do magnésio é superior à energia de ionização do sódio uma vez que, dado o aumento da carga nuclear ao longo do período, o raio atómico tem tendência a diminuir”. E justifica-se: “O aumento da carga nuclear contribui com um efeito atractivo entre as cargas positivas do núcleo e os electrões, que vai no sentido de promover a diminuição do raio atómico e o aumento da energia de ionização”. Mais: “Não está explícito nem implícito na pergunta que este efeito seja exclusivo, que não é. Ele é, no entanto, a regra, que é válida para o par de elementos seleccionados”.

O parecer divulgado pelo Gave acrescenta por fim: “Há excepções à regra, ex: alumínio”. Apesar de o alumínio ter número atómico superior ao do magnésio, “prevalece o efeito de blindagem dos electrões que, repelindo-se, contrariam a atracção nuclear, justificando a diminuição da energia de ionização.

“A SPQ errou”, diz o Gave.

A agência Lusa chegou a noticiar que este parecer solicitado pelo Gave era da autoria da própria SPQ. E O PÚBLICO divulgou na sua edição “online” o artigo da Lusa, com o título “Sociedade Portuguesa de Química admite que errou em parecer sobre exames”.

A SPQ esclareceu entretanto que se tratava de uma “confusão da agência de notícias”, que o PÚBLICO replicou. A SPQ “não alterou o seu comentário”.

O exame nacional de Física e Química A, 10.º/11.º ou 11.º/12.º, é uma das disciplinas nucleares para os alunos que querem seguir Medicina. Realizou-se no passado dia 19 e é a segunda prova com mais alunos inscritos (57.593), a seguir a Português (73.696).

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