Fenprof lamenta “opção” do Governo de não dar horário a 13 mil professores

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) lamentou esta quinta-feira que o Governo tenha “optado” por não dar horário a 13 mil professores, alertando para o perigo de as políticas ministeriais provocarem um aumento da indisciplina e insucesso escolar dos alunos.

Segundo números publicados na quarta-feira pela Direcção-Geral da Administração Escolar (DGAE), as escolas declararam que 13.306 professores do quadro estão sem componente lectiva (com horário zero).

“Como é que o Governo, tendo 13 mil professores disponíveis para melhorar a qualidade de ensino, opta por retirá-los efectivamente daquilo que é o processo de aprendizagem?”, criticou Luís Lobo, da Fenprof, em declarações à Agência Lusa.

Apesar das críticas, os números agora revelados não surpreenderam os responsáveis da Fenprof que, ao longo do ano, foram fazendo contas aos professores que ficariam no desemprego e sem horário, em resultado de algumas medidas governamentais: “Quando foi anunciada a reestruturação curricular previmos que poderia haver entre sete a oito mil horários a extinguir”.

O “receio” da Fenprof confirmou-se quarta-feira. Agora, a federação apresenta uma solução para os docentes: “O que seria razoável era que agora as escolas pudessem fazer uma recomposição dos horários de forma a que todos os professores tivessem no mínimo seis horas letivas semanais”.

O professor voltou a criticar as medidas governamentais, como a constituição dos mega-agrupamentos e a revisão curricular, com a eliminação do parque pedagógico e o fim do desdobramento das disciplinas experimentais.

“Sabíamos que, com a fusão de escolas e agrupamentos, iria acontecer mais uma situação dramática, não só ao nível de desemprego, mas de professores do quadro sem componente letiva”, lembrou Luís Lobo.

Além dos mega-agrupamentos, a Fenprof contesta ainda o aumento do número de alunos por turma. Para a federação, o executivo deveria “aproveitar” a diminuição de alunos nas escolas para desenvolver actividades destinadas a combater o insucesso e abandono escolar.

No entanto, o Ministério da Educação decidiu que, em cada sala de aula, poderiam estar 30 alunos. Para Luís Lobo este aumento vai dificultar o trabalho dos professores em acompanhar os alunos que, por sua vez, poderão ser mais indisciplinados e ter “maior incapacidade de concentração”.

Da estimativa inicial feita pelas escolas e declarada através da plataforma informática, 1548 professores do quadro foram já “resgatados” aos horários zero através das medidas de combate ao abandono e promoção de sucesso escolar, que o Governo divulgou a 17 de Julho.

Os professores de Matemática, Inglês e Português foram dos grupos mais beneficiados com estas medidas: por exemplo, 180 professores de Português passaram a ter serviço, enquanto 121 de Matemática foram também “salvos” dos horários zero.

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