É sempre assim. Ainda o Verão não acabou e começa a chuva. Olá, chuva. Que saudades tínhamos de ti, desde o princípio do Verão. E durante os nove meses inteiros antes de chegar o Verão.

Bem sabemos que Portugal é o país da Europa com mais horas de sol. Mas não será, também, o país da Europa com mais quartos de hora de chuva pesada? O total da precipitação pode ser bom comparado com outros países, mas não será melhor a chuva miudinha e constante do Norte da Inglaterra a estas birras contundentes que só duram dois minutos mas que nos demolham como bacalhaus?

Não, claro que não. Nós temos muita sorte. Ou teremos? Parece-me que não. Parece-me é que temos menos azar do que o resto do mundo. Atendendo ao enorme azar que tem o resto do mundo, a nossa ligeira vantagem não constitui boa sorte de sorte nenhuma.

Ainda no Verão e ainda antes do equinócio de Setembro os teus defensores, chuva, dizem que aqueces a atmosfera. Os optimistas fanáticos dizem que és tu que limpas o ar, preparando-o para o sol.

Admito que, ainda ontem, deste-nos um duplo arco-íris que ia do cabo da Roca até à Ericeira. Mas estás farta de me dar banhos vestidos e de me lavares os pés ao mesmo tempo que as sandálias.

És uma oportunista, chuva. Escusavas de cair enquanto ainda está um bocadinho de calor. Impedes-nos de ir à praia – por causa dos teus amigos relâmpagos – apesar da água do mar estar, mais ou menos, à mesma temperatura que o ar.

És mal-vinda, maldita chuva!