População de rola-brava decresceu 70% numa década

Ambientalistas entregam petição e pedem medidas de protecção urgentes ao ministério de Assunção Cristas.

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Em Portugal, criticam os ambientalistas, nada foi feito para travar a extinção da espécie migradora DR

Para travar a extinção da rola-comum ou rola-brava (Streptopelia turtur), a Quercus e outras ONG (FAPAS, LPN e SPEA) vão entregar nesta terça-feira uma petição dirigida à ministra da Agricultura e do Mar (MAM), Assunção Cristas, que pede a “Proibição de caça já”.

A petição, que tem o apoio de “mais de 5000 subscritores”, destaca a “irresponsabilidade e insensibilidade demonstrada nesta matéria pelos sucessivos governos” na aplicação de medidas para protecção da rola-brava, admitindo-se que a sua extinção possa vir a acontecer “no curto prazo”.

Esta espécie migradora “está a desaparecer a um ritmo galopante” em Portugal e na Europa, estimando-se que a sua população tenha “decrescido 70% nos últimos dez anos”. Para piorar a situação, em Portugal “é comum” a abertura da caça à rola decorrer durante o mês de Agosto, período durante o qual “existem muitas rolas em nidificação, com crias no ninho e, pontualmente, ovos de posturas tardias ou segundas posturas”, criticam as associações.

A rola-comum é uma espécie estival que há décadas se distribuía pelo país, principalmente no Norte, ocorrendo em áreas florestadas e em terrenos agrícolas adjacentes. A destruição do seu habitat, a caça excessiva e a perseguição nas áreas de nidificação e invernação parecem estar na origem da sua acentuada regressão.

As organizações ambientalistas recordam exemplos de outras aves cinegéticas que se extinguiram por “inoperância” dos decisores políticos, dando o exemplo do pombo-viajante americano, que foi considerado a ave mais abundante do mundo, mas o seu último exemplar veio a morrer num jardim zoológico em 1914, assinalam as ONG para lembrar que “a extinção é para sempre”. 

Apesar da existência de um Plano de Gestão da União Europeia para a rola-brava, em vigor desde 2006 e que prevê medidas essenciais e urgentes, nomeadamente a publicação anual de estatísticas da caça credíveis, assim como o desenvolvimento de um modelo sustentável para calcular o abate anual de aves, “quase nada foi feito em Portugal”, concluem os ambientalistas.

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