O "sudário" da Terra segundo um milhão de fotos tiradas do espaço

Programador norte-americano mapeou imagens captadas pelos astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional nos últimos 12 anos.

Desde Novembro de 2000 — quando recebeu a sua primeira tripulação residente — a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) enviou para a Terra mais de um milhão de imagens de diversos pontos do planeta. Foram tiradas pelos próprios astronautas e mostram de tudo um pouco, do olho de um furacão à aurora boreal, das pirâmides do Egipto às luzes de Lisboa.

O norte-americano Nathan Bergey, um programador freelance, de 28 anos, encontrou uma forma original de utilizar este vasto material da NASA. Valendo-se da base de dados de imagens da agência espacial norte-americana, Bergey isolou as coordenadas de cada foto, que indicam onde estava a ISS no momento do clique.

A posição de cada foto foi representada por um ponto num plano em branco. O resultado é uma imagem que reflecte a órbita da ISS em torno da Terra e, mais do que isso, acaba por traçar um rascunho do mapa-múndi, numa espécie de sudário da Terra (ver infografia).

“A maior parte das fotos são de zonas terrestres. Linhas de costa, ilhas e cidades parecem ser alvos populares”, explica Bergey, num site onde não só divulga as imagens como partilha todos os dados associados à sua experiência. “Estou certo de que cada astronauta tirou pelo menos uma fotografia da cidade onde cresceu”, afirma.

Ao PÚBLICO, Nathan Bergey disse que produziu a imagem “por brincadeira, utilizando dados públicos”. Mas o resultado impressionou a própria NASA, que lhe pediu para publicar um texto num blogue da agência espacial.

“Ao longo dos anos, tive sorte em conhecer muitas pessoas que trabalham para a NASA. Enviei o meu artigo para algumas e fiquei surpreendido com o resultado. Até recebi um email de um astronauta!”, afirma. “Foi apenas uma ideia simples que eu tive há algumas semanas.”

Nathan Bergey faz parte do clube aeroespacial e do laboratório de protótipos da Universidade do Estado de Portland, Estados Unidos, onde trabalha como voluntário, em conjunto com outros investigadores e estudantes. Entre os projectos em que participa está o de um pequeno foguetão experimental.

Além da imagem com a posição de todas as 1.129.177 fotos, o cientista também produziu o mesmo tipo de padrão para cada uma das 34 expedições à ISS lançadas entre 2000 e 2012. As missões 30 e 31 (2011/2012) foram particularmente frutuosas, com 261.166 imagens obtidas na primeira e 144.718 na segunda.

Foi obra sobretudo do astronauta Donald Petit, que esteve em ambas as missões e que não só tirou sequências de centenas de fotos sucessivas, como improvisou um sistema para fotografar as cidades à noite, sem que as luzes ficassem desfocadas devido ao movimento relativo da ISS.

 

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