Na Serra da Lousã, há mais de três mil veados. Programa de reintrodução travou aí a extinção

Universidade de Aveiro reintroduziu 120 veados na Serra da Lousã e a reprodução destes animais resulta agora numa população de mais de três mil animais.

Em meados do século XIX, os veados encontravam-se extintos na Serra da Lousã devido à acção do homem
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Em meados do século XIX, os veados encontravam-se extintos na Serra da Lousã devido à acção do homem Maria Augusta Pinto
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Carlos Fonseca em plena monitorização de veados na Serra da Lousã Maria Augusta Pinto
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Veado na Serra da Lousã Maria Augusta Pinto
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Veado na Serra da Lousã Maria Augusta Pinto
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Veado na Serra da Lousã Maria Augusta Pinto

Na Serra da Lousã, entre os distritos de Coimbra e Leiria, onde os veados-vermelhos estavam em extinção no século XIX, habitam agora mais de três mil animais desta espécie. O crescimento da população destes mamíferos nesta zona resultou de um programa de reintrodução levado a cabo pela Unidade de Vida Selvagem (UVS) da Universidade de Aveiro (UA).

Foram 120 animais a dar um salto da Zona de Caça Nacional da Contenda e da Tapada de Vila Viçosa até à Serra da Lousã para serem aí reintroduzidos, um processo que decorreu entre 1995 e 2004.

Vinte anos passados desde a reintrodução no local dos veados-vernelhos (Cervus elaphus), o biólogo e coordenador da UVS, Carlos Fonseca, admite o sucesso do projecto “pela sua sustentabilidade biológica e ecológica”, bem como pelo “número de efectivos e área de distribuição actuais”, citado num comunicado da Universidade de Aveiro. Carlos Fonseca está desde 1995 – ano em que o projecto arrancou – por de trás de todo programa de reintrodução aplicado na Serra da Lousã. Os seus resultados foram agora publicados na revista International Journal of Biodiversity Science, Ecosystem Services & Management.

Em meados do século XIX, os veados encontravam-se extintos na Serra da Lousã, uma extinção levada a cabo pela acção do homem. A ideia dos investigadores do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro era devolver à região Centro a possibilidade de voltar a ter estes mamíferos a habitar a serra em estado selvagem.

Duas décadas depois do início do programa, o crescimento da população de veados para mais de três mil revela-se exponencial, e a equipa de investigadores aponta também para o sucesso na distribuição geográfica destes animais, que acabaram por se distribuir pelos vários concelhos da serra. O programa de reintrodução levou veados a vários concelhos, desde a Lousã a Miranda do Corvo, passando por Figueiró dos Vinhos, Penela, Góis, Castanheira de Pêra e Pampilhosa da Serra.

“A área de distribuição actual, superior a 90 mil hectares, é fruto da expansão dos veados em várias direcções, com especial destaque para Nordeste, ao longo da Cordilheira Central em direcção à Serra da Estrela, estando limitada a norte pelo rio Mondego e a sul pelo rio Zêzere”, aponta a bióloga Ana Valente, investigadora do Departamento de Biologia e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da UA.

Ana Valente relembra a importância e o “potencial económico e turístico” que estes animais acabam por representar para a região em causa. A época de acasalamento dos veados, entre Setembro e Outubro, é para a Serra da Lousã uma grande fonte de turismo que movimenta centenas de pessoas em diferentes iniciativas que envolvem uma simbiose das populações com os recursos naturais.

Carlos Fonseca destaca igualmente “a ligação das populações à Serra da Lousã e à própria espécie”, que acaba por contribuir para uma melhor “gestão de conflitos provenientes do aumento de distribuição do veado”.

A monotorização do local vai continuar a ser feita pelo grupo de investigadores da UA, com o objectivo de perceber quais são as tendências populacionais e, a partir daí, elucidar as populações e respectivas entidades políticas e administrativas locais de que é necessária uma “gestão integrada”.

“A gestão de conflitos tem que ser encarada como prioritária, numa perspectiva conciliadora que tenha em conta os interesses das populações lesadas e dos animais, não esquecendo todo o potencial que esta serra tem para oferecer”, conclui Carlos Fonseca. 

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