Mau tempo: a culpa foi da “bomba meteorológica”

Ventos chegaram aos 140 quilómetros por hora e ondas atingiram quase 20 metros.

Se quer apontar o dedo a alguém pelos estragos do mau tempo de sábado, eis o culpado: uma “bomba meteorológica”, que causou rajadas de vento de mais de 100 quilómetros por hora em quase duas dezenas de estações meteorológicas.

O máximo registado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) foi de 140 quilómetros por hora, no cabo Carvoeiro e também no cabo Raso, em Cascais.

O termo técnico para o que se passou na atmosfera é assustador: uma “ciclogénese explosiva” – a que os norte-americanos também chamam “bomba meteorológica”. Trata-se da formação rápida de uma tempestade, em que a pressão atmosférica baixa abruptamente num curto espaço de tempo. O resultado são fortes ventos, a sobrelevação do mar e grandes ondas.

Foi exactamente o que se viu e se sentiu no sábado. Dados do Instituto Hidrográfico mostram que as ondas chegaram aos 19,4 metros na Nazaré e a 17,5 metros em Sines – batendo, neste caso, o recorde local dos últimos 25 anos.

O vento ultrapassou os 100 quilómetros por hora em inúmeros pontos do país, segundo dados do IPMA. Os maiores valores foram registados no cabo Carvoeiro e cabo Raso (140 km/h), Fóia (128 km/h), Sintra (126 km/h) e Alcácer do Sal (121 km/h). No Porto, o valor máximo foi de 116 km/h, o mesmo que em Aveiro (116 km/h). Em Lisboa, o máximo registado pelo IPMA foi de 104 km/h e em Coimbra, 103 km/h.

“Foi uma situação excepcional, mas não única”, afirma o meteorologista Nuno Moreira, do IPMA. Nos últimos 15 anos, Portugal enfrentou outros três episódios semelhantes. O mais dramático ocorreu a 5 de Novembro de 1997, provocando cheias que fizeram 11 mortos no Alentejo. Os outros ocorreram a 7 de Dezembro de 2000 e a 23 de Dezembro de 2009 – este último causando grandes estragos na Região Oeste.

Portugal vai enfrentar uma nova onda de mau tempo nos próximos dias. Mas, desta vez, o protagonista será a neve, que se espera acima dos 400 metros. O vento vai soprar com rajadas de 80 km/h no litoral e 100 km/h nas terras altas. “É uma situação diferente”, afirma Nuno Moreira.
 
 

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