Há mais gelo no Árctico este Outono

Volume da cobertura gelada aumentou 50%, mas ainda é muito menor do que há três décadas.

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Árctico tem mais gelo este ano, mas ainda está longe dos valores de há três décadas Reuters

Ano após ano, a notícia é a mesma: há menos gelo no Árctico. Mas 2013 está a ser diferente. A calota gelada sobre o Pólo Norte não só está mais ampla, como também mais espessa.

Medições feitas com recurso ao satélite CryoSat, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), revelam que houve um aumento de 50% no volume de gelo entre Outubro de 2012 e Outubro de 2013. Agora são 9000 quilómetros cúbicos de água congelada, contra 6000 quilómetros cúbicos no Outono passado – o recorde mínimo desde que há medições da espessura do gelo no Árctico.

Apesar do aumento, o valor de 2013 ainda está longe dos 20.000 quilómetros cúbicos do princípio dos anos 1980.

As medições e cálculos foram feitos pelo Centro de Observação e Modelação Polar, um instituto britânico de investigação, a partir de dados do CryoSat, um satélite lançado em 2010 pela ESA com a missão específica de monitorizar o volume de gelo em vários pontos do planeta.

Até então, outros satélites permitiam apenas avaliar a área coberta pelo gelo no Árctico.

Neste Outono, a superfície gelada está maior do que no ano passado, mas o que impressionou mais os cientistas foi o facto de a camada de gelo ser substancialmente mais espessa. O maior aumento deu-se sobre a área que se mantém congelada ao longo de todo o ano, e que está agora 30 centímetros mais grossa, em média, do que em Outubro de 2012.

“Não estávamos à espera de que o incremento na área deixada após o período de degelo do Verão também estivesse reflectido no volume”, afirma Rachel Tilling, investigadora do centro britânico, citada num comunicado da instituição.

Os números deste ano são apenas um ponto numa série de mais de três décadas de dados que apontam para um declínio do gelo no Árctico. Segundo o mais recente relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), da ONU, há 90% de probabilidade de que a cobertura gelada média anual sobre o Árctico tenha diminuído entre 3,5 a 4,1% por década entre 1979 e 2012. No Verão, o declínio tem sido mais acentuado, com uma diminuição de 9,4 a 13,6%.

O IPCC diz, mas com um grau de confiança “médio”, que a redução do gelo no Árctico no Verão nas últimas três décadas não tem precedentes nos últimos 1450 anos.
 

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