Papa Francisco pede a ministros europeus mais esforços nas negociações climáticas

Papa diz que há pouco tempo para se conseguir um bom resultado na cimeira da ONU sobre alterações climáticas, em Paris.

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Reuters

O Papa Francisco instou esta quarta-feira os ministros europeus do ambiente a acelerarem os esforços para que se chegue, até ao fim do ano, a um novo acordo internacional para combater as alterações climáticas. Numa reunião no Vaticano com os responsáveis ambientais dos Estados-membros da União Europeia, o Papa disse ainda que os países ricos têm de fazer mais para pagar a sua “dívida ecológica” com os mais pobres.

O Papa chamou a atenção para o curto espaço de tempo até à conferência climática das Nações Unidas em Paris, no final deste ano, onde se espera seja aprovado um novo tratado global. “A cimeira está-se a aproximar rapidamente”, disse Francisco, num discurso traduzido pela Rádio Vaticano. “Aconselho-os vivamente a intensificarem o vosso trabalho, juntamente com o dos vossos colegas, de modo a que se chegue ao resultado desejado em Paris”, completou.

A reunião ocorreu a dois dias de os ministros europeus do ambiente se sentarem à mesma mesa, na próxima sexta-feira, para discutir a posição da UE nas negociações da conferência de Paris, que decorre de 30 de Novembro a 11 de Dezembro.

Antes disso, o ambiente estará também no centro da atenção mundial, com uma cimeira em Nova Iorque, de 25 a 27 de Setembro, na qual as Nações Unidas irão aprovar os objectivos de desenvolvimento sustentável para vigorarem até 2030.

O Papa recordou alguns princípios da sua encíclica Laudato si, divulgada em Junho pelo Vaticano e integralmente dedicada ao ambiente – um surpreendente manifesto por um mundo sem combustíveis fósseis e com um estilo de vida diferente.

Francisco voltou a falar da “dívida ecológica” que o Norte tem para com o Sul, responsabilizando os países mais ricos pela desproporcionada exploração dos recursos naturais em seu favor. “Estes países devem contribuir para a solução desta dívida através do bom exemplo: limitando substancialmente o consumo de energia não renovável; proporcionando recursos aos países que dele necessitam para a suas políticas de desenvolvimento sustentável; adoptando sistemas apropriados para a gestão das florestas, dos transportes e dos resíduos; abordando seriamente o problema do desperdício alimentar; favorecendo a economia circular; estimulando novas atitudes e estilos de vida”.

Francisco tem feito do ambiente um tema central do seu pontificado. O Papa tem procurado particularmente dar um impulso às negociações climáticas e para isso tem promovido vários encontros nesta área. Em Julho, os comités científicos do Vaticano receberam, durante dois dias, os líderes de cerca de 50 cidades de várias partes do mundo, para discutir o aquecimento global. 

“O papel do Papa Francisco é da maior relevância”, disse ao PÚBLICO o ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, que participou da reunião desta quarta-feira no Vaticano. “A partir do momento em que o líder da religião católica assume como sua a causa do combate às alterações climáticas e do desenvolvimento sustentável, os cidadãos ganham maior percepção de que este é um tema cimeiro e os lideres politicos e negociadores passam a estar sujeitos a um nível de pressão maior”, completa o Moreira da Silva.<_o3a_p>

 

  

 

O ministro não considera as palavras do Papa como um puxão de orelhas aos europeus. “Encaro como um encorajamento, porque a União Europeia é quem tem assumido as posições mais ambiciosas para Paris”, explica. <_o3a_p>

 

 

 

  

 

O encontro desta quarta-feira durou cerca de 50 minutos e foi uma iniciativa da ministra do Ambiente do Luxemburgo – país exerce neste momento a presidência rotativa da União Europeia – do Governo italiano e do Vaticano. “Foi uma cerimónia inédita”, diz Moreira da Silva.<_o3a_p>
 



 

 

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