Face a um desafio climático global, um compromisso europeu e soluções locais

É chegado o momento de as capitais e as metrópoles europeias unirem as suas forças para lutar contra as alterações climáticas.

Se as alterações climáticas são globais, as soluções devem ser, antes de mais, locais. As grandes cidades, uma vez que se situam na articulação entre estas duas escalas, estão na primeira linha do combate contra as mudanças climáticas.

Este é o motivo pelo qual nós, capitais e metrópoles europeias, que representamos mais de 60 milhões de habitantes e que dispomos de uma significativa capacidade de investimento (dois mil milhões de euros de PIB), optamos por partilhar e reforçar as nossas ferramentas de transição energética e ecológica.

A nossa ambição é identificar e combater as principais causas das emissões de gases de efeito de estufa, que incluem os transportes poluentes, os edifícios antigos e mal isolados, bem como o aprovisionamento de energia. Paralelamente, estabelecemos projectos de futuro ambiciosos, tais como a luta contra a expansão urbana, a renaturalização, a biodiversidade nas nossas cidades, a intensificação da reciclagem, a luta contra os desperdícios, a promoção da economia circular, a prioridade aos transportes públicos, o incremento da mobilidade eléctrica, a renovação dos edifícios e a melhoria da eficiência energética. A criação de emprego e a procura de parcerias com os territórios rurais vizinhos são pontos essenciais para alcançar estes objectivos. Reunidos hoje em Paris, comprometemo-nos a aumentar os respectivos "planos do Clima".

O segundo nível de acções assenta numa escala europeia. É chegado o momento de as capitais e as metrópoles europeias unirem as suas forças para lutar contra as alterações climáticas. Isto passa por um diálogo mais estreito entre as cidades, por trocas mais regulares de conhecimentos e de boas práticas. Esta diplomacia europeia das cidades, respeitando a diversidade dos territórios e das culturas locais, deverá ser implementada rápida e duradouramente. Deverá ser apoiada no seio da União Europeia, sobretudo pelo Parlamento e pela Comissão Europeia, e beneficiar directamente dos apoios financeiros europeus.

Devemos ir ainda mais longe, facilitando, numa base de voluntariado, a coordenação dos investimentos públicos. Em conjunto, as metrópoles europeias representam mercados consideráveis de contratos públicos, da ordem dos dez mil milhões de euros por ano, aos quais se juntam os efeitos do sector privado, que alinha muitas vezes as suas próprias exigências com as do sector público. Estes montantes de investimento deverão concentrar-se na fileira “verde”, nas indústrias (modernização das ferramentas de produção e inovação) e nos serviços com baixas emissões de carbono. É esta a iniciativa que lançamos hoje em Paris: coordenar os nossos mercados públicos para incentivar o aparecimento de ofertas mais respeitadoras do ambiente. A Europa das cidades surgirá, assim, de uma forma audaciosa e colaborativa.

Finalmente, devemos envolver-nos a nível mundial. Os esforços que fazemos e as políticas que aplicamos nas nossas cidades devem contribuir para a adopção de um acordo mundial em relação ao clima. Devemos apoiar-nos nas redes de cidades e de governos locais envolvidos na luta contra as alterações climáticas para favorecer uma governação a nível mundial.

Desde a Cimeira da Terra, no Rio de Janeiro em 1992, há 23 anos, que as Nações Unidas procuram o consenso internacional para fazer face ao desafio constituído pelas alterações climáticas, que não param de se agravar. Hoje, não temos escolha. A próxima conferência de Paris sobre o Clima, em Dezembro deste ano, deve mostrar que compreendemos finalmente a dimensão do problema.

A partir de agora, as metrópoles europeias podem contribuir para a luta contra as alterações climáticas, propondo localmente soluções concretas.

Amanhã, vamos juntar os nossos esforços aos das outras cidades em todo o planeta – na América do Norte e do Sul, África e Ásia – para implementar soluções locais inovadoras. É em conjunto, graças às cidades unidas em rede e ligadas com os cidadãos, às ONG, à comunidade científica e ao mundo empresarial, que faremos a diferença.

Se as grandes cidades participarem com todas as capacidades na luta contra as alterações climáticas, vamos encontrar em conjunto os caminhos para um futuro sustentável. A colaboração das cidades onde nos envolvemos deve fazer surgir soluções coordenadas, comuns, com muito mais frequência.

Assinado pelos presidentes de câmara:

Anne Hidalgo, Paris; Michael Hãupl, Viena; Yvan Mayeur, Bruxelas; Jordanka Fandakova, Sófia; Constantinos Yiorkadjis, Nicósia; Frank Jensen, Copenhaga; Jussi Pajunen, Helsínquia; Alain Juppé, Bordéus; Yiorgos Kaminis, Atenas; István Tarlós, Budapeste; Christy Burke, Dublin; Giuliano Pisapia, Milão; Ignazio Marino, Roma; Artúras Zuokas, Vilnius; António Costa, Lisboa; Sorin Oprescu, Bucareste; Boris Johnson, Londres; Zoran Jankovic, Ljubljana; Karin Wanngárd, Estocolmo; Sami Kanaan, Genebra; Ana María Botella Serrano, Madrid; Alexiei Dingli, La Valeta; Dario Nardella, Florença; Edgar Savisaar,Tallinn; Gérard Collomb, Lyon; Roland Ries, Estrasburgo; Lydie Polfer, Luxemburgo; Eberhard van der Laan, Amesterdão; Michael Müller, Berlim; Johanna Rolland, Nantes.

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