Dezasseis países europeus têm estratégia de adaptação às alterações climáticas

Relatório da Agência Europeia do Ambiente mostra exemplos práticos, mas alerta que ainda está a ser feito pouco.

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Sem medidas mais eficazes de controlo, CO2 na atmosfera pode duplicar até meados deste século Reuters

Dezasseis países europeus – incluindo Portugal – já possuem uma estratégia nacional de adaptação às alterações climáticas, mas a sua aplicação prática ainda está na primeira infância, conclui um relatório da Agência Europeia do Ambiente divulgado esta segunda-feira.

O relatório traz alguns exemplos do que já está a ser feito por países, regiões ou cidades europeias para melhor enfrentar um mundo mais quente. Há três tipos de acções em prática. As medidas “cinzas” são soluções tecnológicas ou de engenharia, como obras no litoral para protegê-lo da subida do nível do mar já realizadas na Holanda, Bélgica e França. As “verdes” fazem uso da própria natureza, como a plantação de vinhas em regiões mais altas ou com castas diferentes em Espanha. E as “brandas” baseiam-se na organização administrativa, na governação e no comportamento, como um sistema de alerta para doenças tropicais em Itália.

“Os exemplos de acções já implementadas mostram que a adaptação dos sistemas tanto naturais como humanos já está a acontecer na Europa”, sustenta o relatório.

Portugal adoptou a sua Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas em 2010. Outros 15 países também já o fizeram: Áustria, Bélgica, Suíça, Alemanha, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Hungria, Irlanda, Lituânia, Malta, Holanda, Suécia e Reino Unido. Outros 12 países estão a desenvolver a sua estratégia, mas ainda não aprovaram.

A Agência Europeia do Ambiente chama a atenção, porém, para o facto de que, apesar de já haver exemplos concretos, mesmo os países com estratégias aprovadas “não estão a pôr em prática um grande número de acções”. Segundo o relatório, o mais comum, por ora, são programas de investigação, mapas de vulnerabilidade e planeamento. O que a agência recomenda são abordagens integradas, que reúnam diferentes tipos de medidas.

“A adaptação requer novas formas de pensar e de lidar com riscos, incertezas e complexidade”, afirma a directora executiva da Agência Europeia do Ambiente, Jacqueline McGlade, num comunicado. “Vai exigir aos europeus que cooperem entre si, que aprendam uns com os outros e que invistam nas transformações de longo prazo necessárias para manter o nosso bem-estar perante as alterações climáticas”, completa McGlade.

Uma estratégia de adaptação para todo o espaço da UE foi adoptada este mês pela Comissão Europeia e será alvo de uma apresentação nesta segunda-feira, no Instituto de Ciências Sociais, em Lisboa. 
 

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