CO2 na atmosfera bate novo recorde em 2012

Concentração deste gás com efeito de estufa pode chegar a 400 partes por milhão em 2015 ou 2016.

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Há cada vez mais CO2 ao redor da Terra Peter Andrews/Reuters

O mundo está a dois ou três anos de atingir uma marca que não interessa a ninguém: a concentração média de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera deverá ultrapassar as 400 partes por milhão (ppm) em 2015 ou 2016, segundo a Organização Meteorológica Mundial, OMM.

Em 2012, o nível médio de CO2 na atmosfera atingiu um novo recorde: 393 partes por milhão. O aumento entre 2011 e 2012 foi maior do que a subida média dos últimos dez anos, de acordo com a mais recente avaliação da OMM, divulgada esta quarta-feira.

O limite de 400 partes por milhão já tinha sido ultrapassado pontualmente nalgumas estações de medição de CO2 no Árctico em 2012 e noutras partes do mundo já este ano, incluindo em Mauna Loa, no Havai — onde o dióxido de carbono é monitorizado desde a década de 1950. Os cálculos de agora da OMM levam em conta várias estações, de 50 países diferentes, de modo a se chegar a uma média anual para toda a atmosfera. É esta média que deverá ultrapassar aquela marca em 2015 ou 2016.

O CO2 de origem humana — sobretudo o que resulta da actividade industrial, dos automóveis e da destruição das florestas — é apontado como o principal vilão do aquecimento global. Outros gases com efeito de estufa também continuam a acumular-se ao redor da Terra. Em 2012, a atmosfera tinha já 1819 partes por mil milhão de metano (CH4) e 325 partes por mil milhão de óxido nitroso (N2O).

Desde 1750 — o princípio da era industrial — a concentração de CO2 no ar subiu 41%, a de metano 160% e a de óxido nitroso 20%.

Se nada for feito para travar as emissões de gases com efeito de estufa, “a temperatura global pode ser 4,6 graus Celsius mais elevada no final do século, em comparação com níveis pré-industriais, ou ainda mais nalgumas partes do mundo”, alerta Michel Jarraud, secretário-geral da OMM, num comunicado. “Isto teria consequências devastadoras”, acrescenta.

Segundo o mais recente relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), a concentração actual de gases com efeito de estufa não tem precedentes nos últimos 800.000 anos.

Segundo a OMM, entre 1990 e 2012 o potencial destes gases em aquecer a atmosfera aumentou 32%. A temperatura da Terra subiu neste período, com um intervalo entre 1991 e 1993, devido ao bloqueio de parte da radiação solar pelas cinzas do vulcão Pinatubo. Entre esses anos, a temperatura média da Terra desceu substancialmente, mas voltou a subir até 1998.

Desde então, tem oscilado em torno de um patamar mais ou menos estável. Este novo hiato do aquecimento global nos últimos 15 anos tem sido utilizado como argumento por cépticos da responsabilidade humana nas alterações climáticas.

Embora não haja ainda uma explicação para esta tendência recente, o IPCC aponta para possíveis razões naturais — como uma maior absorção do CO2 pelos oceanos — ou desvios dos modelos climáticos de curto prazo. Ainda assim, os dez anos mais quentes desde 1880 ocorreram a partir de 1998.

Notícia actualizada às 15h13: acrescentada informação sobre ultrapassagens pontuais da marca dos 400 ppm nalgumas estações de medição.
 
 

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