Carros com menos CO2 vão dar lucro à economia europeia

Factura do combustível pode vir a ser reduzida em 79 mil milhões de euros em 2030.

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Sector dos transportes poderia gerar 862 milhões de euros em novas taxas PÚBLICO

Reduzir as emissões de CO2 dos automóveis para além do que está legislado na União Europeia pode criar mais de 400 mil empregos e baixar o custo global dos automóveis em mais de 30 mil milhões de euros até 2030.

A conclusão é de um estudo realizado por duas consultoras internacionais – Cambridge Econometrics e Ricardo-AEA –, divulgado dias antes de serem votadas, no Parlamento Europeu, novas normas para o cumprimento de metas de redução anteriormente aprovadas por Bruxelas.

Até 2020, segundo um regulamento europeu de 2009, os carros novos de passageiros não poderão emitir mais do que 95 gramas de CO2 por quilómetro rodado (g/km). Em 2011, estavam em 136 g/km.

O estudo agora publicado considera dois cenários. Num deles, a meta é cumprida em 2020 e, depois disso, as emissões continuam a cair, mas a um ritmo baixo, até 85g/km para os automóveis ligeiros e 129 g/km para os pesados, em 2030. No outro cenário, mais ambicioso, a indústria automobilística ultrapassa a meta de 2020, chegando a 90 g/km nessa data. E, nos dez anos seguintes, há uma melhoria acentuada, até 60g/km para os ligeiros e 99g/km para os pesados.

Em ambos os cenários, o custo para a produção dos automóveis aumenta, mas a factura dos combustíveis diminui em maior proporção. O desenvolvimento de novas tecnologias aumentaria em 1000 a 1100 euros o preço médio de um automóvel. Mas cada automobilista pouparia, em 2020, 400 euros por ano em gasolina ou gasóleo.

Nas contas globais, há um saldo positivo de 35 mil milhões de euros no primeiro cenário e 33 mil milhões no segundo. “O efeito da redução de gastos em combustível mais do que supera o impacto dos custos acrescidos com a tecnologia dos veículos para reduzir as suas emissões”, conclui o estudo.

Carros mais eficientes vão gerar empregos, diz também o estudo. Pela via directa, haverá mais postos de trabalho no desenvolvimento da tecnologia e produção de componentes. Indirectamente, haverá mais dinheiro disponível na economia em geral, pela redução da factura dos combustíveis - estimada em 79 mil milhões de euros no cenário mais ambicioso.

O número de empregos adicionais esperados é de 356.000 no primeiro cenário e 443.000 no segundo.

Nesta quarta-feira, o Parlamento Europeu votará uma proposta da Comissão Europeia para rever o regulamento de 2009, de modo a clarificar como as metas de 2020 têm de ser cumpridas. Tem havido uma grande pressão da indústria automobilística, especialmente da alemã, para manter alguma flexibilidade. Um ponto polémico é o dos “super créditos”, ou seja, a possibilidade de se vender um número maior de carros mais poluentes por cada automóvel com emissões extremamente baixas colocado no mercado.

Seja como for, os fabricantes europeus, no seu todo, não estão mal posicionados para cumprir a meta das 95 g/km. E o próprio estudo agora divulgado foi apoiado por pelo menos uma marca – a Nissan – e várias empresas ou entidades com interesse directo na produção automóvel, como as associações europeias que representam as indústrias de componentes automóveis em geral, de baterias, de alumínio e do sector eléctrico.

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